Sábado, 25 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de dezembro de 2020
Um alerta divulgado pela coalizão internacional People’s Vaccine Alliance veio como um balde de água fria para países fora do mundo desenvolvido. De acordo com o grupo que reúne organizações não-governamentais ligadas a área de direitos humanos e de enfrentamento às desigualdades, a compra massiva de vacinas contra covid-19 por países ricos pode deixar a maioria da população das nações mais pobres sem o imunizante. Na prática, isso significaria que somente uma em cada dez pessoas que vivem em países não tão ricos seria imunizada.
A estimativa da entidade é que a União Europeia, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, Japão, Suíça, Austrália, Hong Kong, Macau, Nova Zelândia, Israel e Kuwait já tenham reservado 53% do estoque total das vacinas mais avançadas. O montante comprado pelo Canadá seria suficiente, inclusive, para imunizar toda a população do país cinco vezes. Até agora, de acordo com o comunicado, todas as doses da Moderna e 96% das da vacina da Pfizer/BioNTech foram adquiridas por países ricos.
O problema é que as nações mais abastadas abrigam somente 14% da população mundial — o que significa que a maioria das pessoas do mundo ficaria desprotegida contra o coronavírus no ano que vem. “Ao comprar a grande maioria do suprimento mundial de vacinas, os países ricos estão violando suas obrigações de direitos humanos”, disse Steve Cockburn, chefe de Justiça Econômica e Social da Anistia Internacional.
Para os especialistas da People’s Vaccine Alliance, as empresas farmacêuticas que produzem as vacinas contra o coronavírus devem compartilhar abertamente sua tecnologia e propriedade intelectual por meio da Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso permitiria que mais doses sejam fabricadas nos próprios países em que a vacinação ocorrerá. “Durante estes tempos sem precedentes de uma pandemia global, a vida e o sustento das pessoas devem ser colocados antes dos lucros das empresas farmacêuticas”, afirmou Mohga Kamal-Yanni, consultora da coalizão, em entrevista à Reuters.