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Por Redação O Sul | 28 de outubro de 2017
Em conversa reservada no Palácio do Planalto, na última quinta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), alertou o presidente Michel Temer de que o cenário é de muita dificuldade na base aliada. E que o governo corre risco de ser derrotado em plenário até mesmo em votações de medidas provisórias.
Ainda que não abertamente, Maia tem sido claro ao expor a sua avaliação de que é um erro o governo pensar que o placar da vitória na votação da Câmara que arquivou a segunda denúncia contra o peemedebista na quarta-feira reflete a força do governo.
Articuladores políticos chegaram a dizer que, além dos 251 votos que recebeu na sessão, Temer também teria o apoio dos ausentes à votação. “Isso não reflete a realidade da base”, ressaltou Maia a interlocutores, segundo fontes de Brasília.
O presidente da Câmara tem defendido a necessidade de uma reforma ministerial que contemple o novo mapa de forças políticas que resultou da votação da segunda denúncia. E chegou a falar para integrantes do núcleo do Palácio do Planalto que seria um grande erro deixar para março de 2018 a reforma ministerial.
Para mais de um interlocutor, Maia defendeu uma mudança imediata no primeiro escalão, a fim de contemplar aliados e diminuir as insatisfações na base de apoio. “Tudo agora vai depender de Temer. A insatisfação é enorme. Se quiser aprovar uma agenda mínima, terá que atuar”, desabafou o presidente da Câmara numa conversa pouco antes de embarcar para a viagem de uma semana ao exterior, na noite desta sexta-feira.
E foi além: disse que o governo pode ser surpreendido já na votação das medidas provisórias do ajuste fiscal. Segundo ele, o cenário é de derrota do Palácio do Planalto. Ele sugeriu ao governo enviar todas as matérias do pacote de ajuste fiscal por meio de projeto de lei. Mas a equipe econômica resiste.
Perda de apoios
Aos poucos, Temer tem perdido popularidade nas pesquisas de avaliação e também o apoio no Congresso Nacional, contabilizando cada vez menos votos em sessões que discutem projetos de interesse do governo, ainda que continue tendo apoio relevante entre deputados federais e senadores.
Nesta quarta-feira, por 251 votos a 233 na Câmara, o presidente conseguiu escapar de responder a um processo no STF (Supremo Tribunal Federal) durante o exercício do mandato. Na primeira denúncia, votada em agosto, a vitória havia sido por 263 a 227.
Apesar de a diferença relativamente pequena entre a primeira e a segunda votações, analistas políticos acreditam que a tendência é que Temer comece a ver sua base encolher à medida que a eleição de 2018 se aproxime. Afinal, trata-se de um político em fim de mandato, enfraquecido e com popularidade muito baixa, considerado praticamente “uma carta fora do baralho” do jogo político.