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Geral Apesar do mito da infidelidade, pesquisa aponta maioria de clientes de motéis em relações estáveis

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Motéis: Livro aponta mudança no perfil dos estabelecimentos.

Foto: Reprodução
Motéis: Livro aponta mudança no perfil dos estabelecimentos. (Foto: Reprodução)

Na pesquisa de “Motel Brasil”, o autor Jérôme Souty contou com embasamento teórico de obras de referência na antropologia brasileira, como “Casa grande e senzala” (1933), de Gilberto Freyre, e “’Carnavais, malandros e heróis” (1979), de Roberto DaMatta, para analisar estes ambientes como espaços sociais e como a intimidade era tratada entre o público e o privado.

“É curioso como motéis são espaços de relações íntimas, mas fora de casa”, destaca Souty.  “Há também uma ambivalência entre o amor romântico e o hedonismo, por isso símbolos como o coração e a maçã são tão comuns nas fachadas.”

Além de “Motel Brasil”, títulos como “Caça aos prazeres” e “Como os motéis se tornaram um negócio bilionário no Brasil” (de Vinicius Roveda, focado no aspecto empresarial) também ajudam a fechar um hiato de décadas sem publicações sobre o tema no país desde “Arquitetura de motéis cariocas”, de Dinah Guimaraens e Lauro Cavalcanti. Lançado em 1982, com uma atualização em 2008, o livro analisa as estruturas destes espaços e suas relações com a sociedade brasileira.

“O modelo brasileiro criou duas esferas no mesmo espaço. Uma da fantasia, nas acomodações, e uma verdadeira estrutura fabril por trás, nos corredores de serviço, feitos para preservar a intimidade dos clientes”, frisa Cavalcanti, diretor da Casa Roberto Marinho desde sua abertura, em 2018. “Nos motéis americanos já existia uma conotação sexual, mas de forma mais discreta. Aqui, isso foi explicitado pela arquitetura e outros elementos, numa espécie de carnavalização destes espaços.”

Atualmente, as fachadas e ambientes de maior apelo vêm perdendo espaço para propostas mais clean e voltadas a novas demandas dos frequentadores, interessados em uma experiência mais completa do que só um local para o sexo. A mudança, puxada por empreendimentos de São Paulo e do Sul, pode ocasionar mudanças na paisagem moteleira.

“A tendência é que as administrações familiares e as experimentações arquitetônicas sejam substituídas por novas experiências de consumo, inclusive com o surgimento de redes, que podem absorver os empreendimentos tradicionais”, analisa o antropólogo Souty.  “É interessante pensar como o modelo brasileiro do motel pode se aproximar do americano, mais funcional.”

No imaginário popular, a imagem dos motéis continua diretamente ligada ao ato sexual, sobretudo em encontros fortuitos e fora do casamento. O caráter transgressor é reforçado por sucessos de duas das maiores duplas sertanejas da atualidade, “Motel”, de Maiara e Maraísa, e “Amor de motel”, de Simone e Simaria. Uma pesquisa feita pela Hello Research em 2017 e divulgada pela Associação Brasileira de Motéis (ABMotéis), contudo, aponta um caminho inverso: os frequentadores em uniões estáveis representariam 71% entre os mais assíduos (que vão ao menos uma vez por mês ao motel) e 85% dos clientes ocasionais (com até quatro visitas ao ano).

Segundo Felipe Martinez, presidente da associação, o resultado da pesquisa pode ser verificado no dia a dia dos estabelecimentos.

“Os horários de pico são as noites de sexta e sábado, justamente no período mais buscado para os programas de casal. Não é um público novo, mas o motel ficou com o estigma do caso extraconjugal”, observa Martinez. “Uma grande tendência é a reserva de quartos, inclusive para períodos mais longos. Como o cliente não está fazendo nada escondido, ele não tem problemas em se identificar, pagar com cartão, se programar.”

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