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Saúde Após 140 anos, vacina contra a malária pode se tornar realidade

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Desenvolvimento da vacina da GSK já custou mais de US$ 200 milhões em mais de 30 anos de pesquisa. (Foto: Reprodução)

Depois de mais de 140 anos de busca, cientistas britânicos chegaram nas últimas semanas aos mais promissores resultados para alcançar uma vacina viável para a malária – uma das mais mortíferas doenças tropicais do mundo. Quase ao mesmo tempo, avança no Brasil, com o uso de tecnologia japonesa e francesa, uma vacina capaz de conter a dengue.

No caso da malária, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aprovou preliminarmente uma vacina da farmacêutica britânica GSK, após a constatação de eficácia de 75% em um grupo de voluntários na África Ocidental. O parasita causador da malária foi isolado em 1880, mas o esboço de uma vacina eficaz só surgiu um século depois, num exemplo da complexidade que envolve esse tipo de pesquisa.

A doença está entre os males mais letais do mundo e, de acordo com dados da OMS, houve mais de 229 milhões de novos casos em 2019, com 558 mil mortes em todo o mundo. Nas Américas, uma criança morre por malária a cada 2 minutos, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Mas a maioria esmagadora de casos (92%) e das mortes (93%) foi registrada na África.

A vacina da GSK já custou mais de US$ 200 milhões para ser desenvolvida em mais de 30 anos. “A pré-qualificação da nossa vacina pela OMS é um passo fundamental para que possamos alcançar crianças com a primeira e única vacina contra a malária a atingir esse grau de aprovação”, disse Thomas Breuer, diretor do departamento de saúde global da GSK.

“Agora, estamos aplicando a vacina em mais de 1 milhão de crianças em Gana, Quênia e Malawi e a pré-qualificação da OMS deve acelerar esse processo de vacinação de crianças, com doses doadas pela GSK”, completou.

Maior fabricante de vacinas do mundo, o indiano Serum Institute anunciou no fim do ano passado uma parceria com a Universidade de Oxford com uma tecnologia genética que permitiria a produção de 100 milhões de doses por ano por um custo baixo – que o laboratório não especificou.

“A aprovação da vacina da GSK representa um avanço gigantesco no sentido da prevenção e controle da malária, que pode ser capaz de evitar a morte de milhares de crianças por ano”, disse Irene Soares, uma das principais pesquisadoras da doença no Brasil e professora da Escola de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. “Novas vacinas estão em desenvolvimento e a tendência é que outras surjam no mercado, barateando os custos em médio e longo prazo.”

Já a vacina contra a dengue, cujo comportamento epidemiológico é mais complexo e envolve quatro sorotipos, está sendo testada com resultados promissores. A vacina candidata da farmacêutica Takeda contra a dengue foi submetida à análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2021, após a conclusão de um robusto programa de desenvolvimento clínico, que incluiu mais de 28 mil indivíduos em 13 países distintos.

Um estudo do Instituto Butantan publicado alguns meses atrás na revista científica “Lancet” indicou que uma das vacinas testadas em duplo-cego – em que se comparam resultados com voluntários que receberam doses ativas e de placebo – mostrou eficiência de entre 76% e 89% para os quatro tipos de dengue.

“Um novo estudo publicado em março de 2022 na revista científica ‘Human Vaccines & Immunotherapeutics’ reforçou as descobertas anteriores sobre a eficiência da vacina da dengue, que vem sendo desenvolvida há mais de dez anos por nós em parceria com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA”, informou, em comunicado o Instituto Butantan. “A taxa de imunidade foi analisada durante um ano por intermédio de testes de neutralização do vírus e se manteve alta em todos os participantes. A vacina também se mostrou segura e sem efeitos adversos graves”, disse o Butantan.

“Embora sejam relativamente negligenciadas por se tratar de doenças de países subdesenvolvidos, vacinas contra infecções tropicais ainda são uma vertente importante de mercado para as chamadas ‘big pharmas’”, afirma o pesquisador e virologista da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) Mauricio Lacerda Nogueira. “O impacto de doenças como malária e dengue sobre o sistema de saúde pública dos países é extremamente alto e a obtenção de uma vacina eficiente levaria à conquista de um mercado bilionário para essas empresas”, avalia Nogueira.

“A dengue, por exemplo, é uma doença que vem em ondas; ela não aparece por algum tempo e depois vem com toda força e pode causar muitas mortes”, explicou Jorge Kalil, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – que foi diretor do Butantan e tomou parte das pesquisas para uma vacina. “Um imunizante traria grande alívio econômico para os sistemas de saúde pública.”

No caso da dengue, o cientista Jorge Kalil ressalta a importância de institutos
públicos, como o Butantan, desenvolverem suas vacinas. “O preço da dose da
Sanofi, por exemplo, é relativamente elevado, porque eles precisam recuperar o grande investimento que fizeram nas pesquisas.”

Os obstáculos ao avanço das vacinas também vão além dos fatores de investimentos financeiros, explicam os especialistas. “O caso da covid, por
exemplo, envolveu – além do esforço contra uma emergência sanitária global – a oferta de um universo de testagem como nunca se teve antes”, disse Mauricio Nogueira. “Já para doenças que têm limitações geográficas como características, a testagem é uma barreira considerável para os trabalhos de pesquisa”, afirmou.

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