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Mundo Após 62 anos, Cuba terá pela primeira vez desde a revolução uma cúpula do poder oficialmente sem o sobrenome Castro

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País caribenho vive a sua pior crise econômica em 30 anos. (Foto: EBC)

A partir desta segunda-feira (18), Cuba tem pela primeira vez desde a revolução de 1959 uma cúpula do poder formalmente sem o sobrenome Castro. Raúl deixou a presidência em 2016, mas no comando do Partido Comunista ainda dava as diretrizes seguidas pela presidência da ilha caribenha.

Durante o 8º Congresso da legenda, que começou na sexta-feira e termina nesta segunda, Raúl dá lugar a uma nova geração. Os 300 delegados do PC em diferentes províncias estão reunidos no Palácio das Convenções da capital, Havana, no ano que marca os 60 anos da proclamação do caráter socialista da revolução liderada por Fidel.

“O congresso dita as diretrizes do partido e, portanto, do governo cubano. O partido é uma instância maior que o governo. O birô político, por exemplo, tem mais peso que o conselho de ministros, que cuida da administração de Cuba”, explica o brasileiro Frei Betto, autor de livro sobre a política do país.

Raúl anunciou a saída do comando do partido logo na abertura do congresso e pediu um diálogo respeitoso com os Estados Unidos, após quatro anos de turbulência com o então presidente Donald Trump. “Ratifico a vontade de edificar um novo tipo de relação com o governo norte-americano, sem renunciar aos princípios da revolução e do socialismo”, frisou.

O impacto prático do fim da era Castro ainda é uma incógnita. O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, 60 anos, costuma dizer que faz um governo de continuidade e essa foi a propaganda do congresso espalhada em cartazes por Havana.

A diminuição no número de cubanos que participaram da revolução pode começar a mudar as características do governo, que já vê uma rotatividade nas linhas de poder.

“A saída tem uma força simbólica, porque Raúl é um dos raros heróis de Sierra Maestra. A revolução tem mais de 60 anos. Acho que nenhum líder no mundo sobreviveu tanto quanto os irmãos Castro. Agora, teremos um processo de rotatividade e valorização da geração mais jovem”, avalia Frei Betto.

Além de Raúl, outros nomes importantes da geração que fez a revolução de 1959 devem se aposentar, entre eles o número dois do partido, José Ramón Machado Ventura, de 90 anos, e o comandante Ramiro Valdés, 88 anos.

No entanto, é cedo para falar de mudanças de diretrizes. Isso deixará o Politburo pela primeira vez sem nenhum veterano da insurgência.

Para o norte-americano William LeoGrande, especialista em Cuba da American University, de Washington, o vácuo deixado pelos revolucionários pode aumentar a capacidade de Díaz-Canel para promover as reformas econômicas.

Já Frei Betto, que era amigo do próprio Fidel, não acredita em qualquer passo dado sem o aval de Raúl: “A renúncia é meramente formal. Nenhuma medida importante será tomada sem consultá-lo. Ele está lúcido e ativo”.

O economista cubano Pavel Vidal Alejandro, professor na Universidade Javeriana de Cali, na Colômbia, também não acredita em grandes mudanças:

“O rígido esquema político com base em partido único, organizações de massa e instituições controladas foi rejeitado pelas demandas sociais. Ele requer uma renovação, tanto quanto o modelo econômico. Mas não parece que o congresso vá tratar desses temas”.

Situação

Cuba vive sua pior crise econômica em 30 anos. Em 2020, o PIB caiu 11% e a pandemia paralisou seu motor econômico, o turismo. As ruas de Havana continuam vazias e, em diferentes partes do país, os cubanos passam longas horas nas filas dos mercados.

Além disso, a chegada da internet à ilha mudou a forma de cobrança do governo e permitiu aos cubanos expor seu dia a dia e suas demandas, além de ajudar em mobilizações de rua. Por isso, como parte da programação do congresso, o partido quer abordar formas de ser mais eficaz contra a “subversão político-ideológica” nas redes sociais.

“A equipe do governo tem tido dificuldade em aceitar e abrir um diálogo com essas novas formas de participação. A agenda política e suas normativas continuam sem levar em conta as exigências de todos os setores sociais, em particular das gerações mais jovens”, diz Vidal Alejandro.

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