Domingo, 14 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de julho de 2019
Um dos principais aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o senador Jaques Wagner (PT-BA) sugeriu nesta quinta-feira (04) que o empreiteiro Léo Pinheiro sofreu ameaças para escrever carta enviada na qual o ex-executivo da OAS reitera acusações contra o petista. No texto, Léo Pinheiro rechaça a possibilidade de ter adaptado suas declarações sobre o apartamento triplex em Guarujá (SP) para que seu acordo de delação premiada fosse aceito pela Lava-Jato.
Reportagem do jornal Folha de S.Paulo produzida a partir de mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil mostrou que o empreiteiro só passou a ser considerado merecedor de crédito na Lava-Jato após mudar diversas vezes sua versão sobre o apartamento que a empresa afirmou ter reformado para Lula. Seu testemunho foi peça chave para a condenação do petista por corrupção e lavagem de dinheiro.
Nesta quinta-feira, Wagner lamentou ter participado da aprovação da lei que instituiu a delação premiada, sancionada no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “Hoje, sou obrigado a dizer que me arrependo de ter contribuído, porque nós não fomos, na minha opinião, no detalhe”, afirmou, sem especificar o que poderia ter sido aprimorado.
Para ele, Pinheiro escreveu o documento sob ameaça. “A carta, para mim, chega a ser risível. Porque a carta alguém deve ter dito ‘ou você escreve a carta, ou você não terá o benefício de eventual redução de pena’.” “Na verdade, eu não tenho provas, mas imagino. Eu conheço o Léo Pinheiro. O que ele deve ter passado lá dentro. Não sei que tipo de ameaças que ele recebeu”, continuou o senador e ex-governador da Bahia. “É impossível você falar de uma contribuição livre e espontânea de alguém que está preso.”
Outros petistas também apoiaram Lula. O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), vice-presidente nacional do partido, chamou a carta de “recurso desesperado de quem não teve a delação premiada.” A colaboração do empreiteiro ainda aguarda homologação pela Procuradoria-Geral da República.
Colegas de Wagner no Senado, no entanto, saíram em defesa do instituto da delação. “Não podemos, a despeito de excessos que tenham havido, criminalizar o que a Lava-Jato avançou no Brasil”, disse o líder da minoria na Casa, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). “O grande erro da Lava-Jato foi o juiz da operação servir a um governo que tem caso de corrupção. A delação premiada é um instituto que melhorou o sistema penal brasileiro e deve, sendo utilizado como vem sendo pelo Ministério Público, aprimorar os mecanismos anticorrupção”, afirmou Randolfe.