Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 2 de maio de 2019
Um dia após o MEC (Ministério da Educação) anunciar que cortará 30% do orçamento de todas as universidades federais, o ministro Abraham Weintraub usou o Twitter para criticar os reitores dessas instituições. O chefe do MEC classificou os dirigentes como intolerantes. “Para quem conhece universidades federais, perguntar sobre tolerância ou pluralidade aos reitores [ditos] de esquerda faz tanto sentido quanto pedir sugestões sobre doces a diabéticos”, escreveu o ministro Abraham Weintraub.
O tuíte vem algumas horas após uma medida do ministro causar repúdio de muitos educadores e reitores: o bloqueio de parte do orçamento de universidades públicas federais sob o pretexto de que elas promovem “balbúrdia” e de que têm baixo desempenho acadêmico. O ministro afirmou que três universidades sofreram esse bloqueio – as de Brasília (UnB), da Bahia (UFBA) e a Fluminense (UFF). Já em um comunicado oficial publicado pelo MEC mais tarde, a informação era de que o corte aconteceria em todas as universidades federais, e não apenas nas três mencionadas pelo ministro. Segundo a pasta, o critério para o bloqueio no orçamento “foi operacional, técnico e isonômico para todas as universidades e institutos” em função da restrição imposta pelo governo.
Mais declarações
Em um vídeo postado na noite de terça-feira (30) em sua conta no Twitter, Abraham Weintraub disse que a política de cortar a verba dedicada às universidades federais está em linha com o plano de governo que elegeu Jair Bolsonaro. Ele questionou os contribuintes se eles preferem que o dinheiro dos impostos seja gasto com alunos de graduação ou de creches. “Para cada aluno de graduação que eu coloco na faculdade, eu poderia trazer dez crianças para uma creche. Crianças que geralmente são mais humildes, mais pobres, mais carentes, e que, hoje, não têm creches para elas. O que você faria no meu lugar?”, questionou o ministro.
No vídeo de pouco mais de um minuto, ele compara o custo de um aluno de graduação (R$ 30 mil anuais, segundo ele) com o de uma vaga em creche (R$ 3 mil, segundo ele). Weintraub não explica no vídeo de onde vêm os dados que citou, nem a que tipo de instituições essas cifras se referem. No entanto, um estudo do Ministério da Educação sobre o investimento público em educação em 2008 mostrava que a proporção de gastos federais era a metade da citada pelo ministro: cada universitário custava cinco vezes mais – e não dez – do que um aluno da educação básica (R$ 14.763 x R$ 2.632 anuais).