Sexta-feira, 14 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de outubro de 2017
O técnico em turismo Rafael Giannotti, de 34 anos, começou há cerca de duas semanas sua peregrinação por agências de emprego. Sem carteira assinada há mais de um ano e meio, ele está em busca de um emprego temporário no varejo na época em que as lojas começam a reforçar seus times para as vendas de Natal, que depois de quedas consecutivas em 2015 e 2016 devem ter desempenho positivo este ano. Giannotti ainda não teve sorte mas, segundo estimativa da Fenserhtt (Federação Nacional dos Sindicatos de Empresas de RH, Trabalho Temporário e Terceirização), as vagas extras este ano devem aumentar 10% e somar 111 mil no comércio.
Além disso, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) prevê que 27% dos temporários serão efetivados após o período de festas. Nos últimos dois anos, apenas 15% desses trabalhadores conseguiram se manter em seus postos de trabalho ao fim do contrato.
Com a entrada em vigor da reforma trabalhista, no próximo dia 11 de novembro, o técnico em turismo Giannotti tinha a expectativa de oferta de vagas dentro das novas modalidades de contratação, como o trabalho intermitente. Não foi o que viu na praça:
“Não encontrei agências oferecendo esta nova modalidade de contrato. Por enquanto, só mesmo o contrato temporário. Ainda não consegui vaga, mas estou esperançoso já que a economia está melhorando”, diz Giannotti.
Para especialistas, os efeitos da reforma só devem ocorrer a médio prazo. De qualquer maneira, a retomada da economia vai ajudar na abertura de vagas temporárias. A CNC prevê alta de 4,3% nas vendas de Natal este ano, puxadas por setores como vestuário e móveis e eletrodomésticos. As compras do período natalino devem movimentar R$ 34 bilhões até dezembro, estima a CNC.
“Já temos um crescimento das vendas do varejo de 1,9% até setembro. Até dezembro, com a aceleração do Natal, esse desempenho deve ser positivo em 2,8%, depois de quedas de 5%, em 2015 e 4,9% em 2016. O setor de vestuário é um dos que mais vem puxando o varejo e historicamente se beneficia das vendas de Natal, quando seu faturamento chega a dobrar. O setor de vestuário e os hiper e supermercados representam 42% da força de trabalho do varejo e chegam a responder por 60% das vendas no Natal”, diz o economista-chefe da CNC, Fábio Bentes.
Ele observa que o cenário está melhor para o varejo com inflação baixa, que aumenta o poder de compra das pessoas. Além disso, o mercado de trabalho começa a se recuperar, e a taxa de juro está recuando nas linhas de crédito ao consumidor.
“O varejo também foi afetado positivamente por um efeito extraordinário da liberação dos recursos do FGTS e agora do PIS/Pasep. Com isso, o setor conseguiu colocar a cabeça para fora da água depois de dois anos de crise”, afirma Bentes.
O economista da CNC observa que a crise da economia levou a um adiamento na oferta de vagas temporárias. Antes da crise, mais de 20% das vagas temporárias eram preenchidas entre setembro e dezembro. Mas, nos dois últimos anos, esse percentual caiu para 15%.
“A boa notícia é que a reação mais positiva da economia no início de 2018 deverá elevar o percentual de efetivações”, diz Bentes.
A Associação Comercial de São Paulo estima um crescimento de 3,5% nas vendas de Natal, enquanto a Federação do Comércio do Rio de Janeiro projeta alta de 3% no faturamento no período. Para Marcelo Solimeo, da ACSP, a Black Friday, em novembro, deve dar um impulso extra às vendas de fim de ano.