Sábado, 03 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 3 de julho de 2023
O ex-deputado federal Jean Wyllys, um dos principais opositores de Jair Bolsonaro no Congresso, anunciou, na última sexta-feira (30), seu retorno para o Brasil, mesmo dia em quem o ex-presidente foi condenado à inelegibilidade por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No domingo (2), o ex-parlamentar participou de ato em Brasília com lideranças do PT, como a presidente do partido Gleisi Hoffmann e o deputado federal Lindbergh Farias.
Em discurso no ato, Wyllys relembrou as circunstâncias que deixou o País:
“Fui ameaçado ao pé de ouvido por muitos deputados. Essa violência foi me despedaçando por dentro. Retornar hoje aqui e ser abraçado pelas pessoas me deixa feliz, estava desacostumado com o carinho. Estou retomando uma vida que me foi tirada e que foi interrompida”, disse, emocionado.
Ao longo do evento, Lindbergh e Gleisi também discursaram. Os dois fizeram menção direta à condenação de Bolsonaro em suas falas:
“Inelegível, mas não é só ele. Tem muitos outros que tem que ficar inelegível também. São vários deputados que estavam juntos e não podem voltar à política”, disse a presidente nacional do PT.
Em postagem no Twitter, o ex-parlamentar divulgou uma foto em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, e reforçou seu apoio ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Cores vivas: meu Brasil não é só verde-índigo e amarelo! Já em Brasília, no palácio onde meu presidente @LulaOficial trabalha!”, escreveu.
O retorno de Wyllys foi comemorado, inclusive, pela mulher de Lula, a Rosângela da Silva, a Janja, que postou um vídeo desejando boas vindas ao ex-deputado. Na mídia, há ainda registros dos dois juntos e fotos de Wyllys com o presidente.
O ex-parlamentar anunciou que deixaria o País em janeiro de 2019, dias após a posse de Jair Bolsonaro como presidente. À época, ele optou por não assumir o novo mandato como deputado federal para o qual tinha sido eleito. A decisão de morar no exterior, segundo ele, foi por conta das ameaças que vinha recebendo pelas redes sociais, no telefone do gabinete em Brasília e em seu e-mail pessoal. Os textos levaram a Polícia Federal a abrir cinco investigações e obrigaram Jean Wyllys, enquanto deputado, a andar com escolta policial.
Em entrevista em março deste ano, da Espanha, onde vivia, o ex-político já havia anunciado sua intenção de retornar ao país, mas afirmou não saber ao certo quando isso aconteceria.
“Sei que quero voltar e vou voltar. Espero que (até lá) o novo governo conceda a medida cautelar de proteção à minha vida requerida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA e negada por Michel Temer. Negada talvez por eu ter sido central na resistência ao golpe, no Congresso e nas mídias sociais. Espero que o governo Lula, não só no plano simbólico, mas também no prático, dê condições para que eu, Marcia Tiburi, a (antropóloga) Debora Diniz e outros exilados possam retornar e atuar intelectual e politicamente no Brasil”, falou o ex-parlamentar.
Wyllys fez oposição intensa ao presidente eleito e chegou a cuspir nele, em 2016, após discussão durante a votação do impeachment da então presidente Dilma Rousseff na Câmara.