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Por Redação O Sul | 13 de junho de 2021
Após receber sinais de que o presidente Jair Bolsonaro procurará outro companheiro de chapa em sua campanha à reeleição, o vice-presidente Hamilton Mourão começa a planejar seu futuro político, avaliando diferentes cenários. Além de uma possível candidatura ao Senado, já admitida publicamente, Mourão recentemente começou a cogitar até mesmo concorrer ao governo do Rio de Janeiro.
Atualmente filiado ao PRTB, Mourão tem conversado com diversos partidos para discutir uma possível troca de legenda. Uma dessas conversas ocorreu há algumas semanas, com o ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB. No encontro, no Clube Militar, no Rio, Mourão manifestou a intenção de ser candidato ao governo e questionou se o PTB estaria disposto a lhe dar a legenda. Jefferson viu a ideia com bons olhos e levou a questão para a cúpula do partido, que ainda estuda a possibilidade.
Embora a relação de Mourão com Bolsonaro não seja das melhores, o fato não é empecilho para que Jefferson, aliado do presidente, abrace a possível candidatura do general. A avaliação no PTB é que Bolsonaro de fato se afastou de Mourão, mas não teria “nada contra” o vice e nem atuaria para prejudicá-lo. E que a restrição a Mourão ocorreria por parte dos filhos do presidente. Pesa, ainda, a boa relação que Jefferson sempre manteve com o general. O PTB tem, cada vez mais, cultivado uma imagem de partido conservador, e aliados de Jefferson avaliam que a filiação de Mourão contribuiria com essa linha.
Outra legenda com a qual Mourão já teve conversas foi o Republicanos. O general procurou dirigentes da sigla no Rio Grande do Sul, estado no qual também avalia concorrer, mas como senador. Entretanto, foram apenas conversas iniciais que ainda não chegaram até o presidente do partido, o deputado federal Marcos Pereira (SP).
A permanência no PRTB, embora não descartada, é incerta. A maior ligação de Mourão com o partido era Levy Fidelix, presidente nacional da sigla, que morreu em abril. Após a morte de Fidelix, sua viúva, Aldinea, e seus filhos conversaram com Bolsonaro sobre uma possível filiação, mas a negociação não foi para frente. Uma das exigências do presidente é ter o controle total da sigla.
Em entrevista ao Valor Econômico em abril, dias após a morte de Fidelix, Mourão disse que “a princípio” deveria continuar no partido, mas ressaltou que era preciso aguardar a reestruturação da sigla.
Procurada, a assessoria de imprensa de Mourão negou que ele estude concorrer ao governo do Rio e disse que está sendo avaliada uma candidatura ao Legislativo.
Atritos
A relação entre Bolsonaro e Mourão começou a se desgastar na campanha eleitoral, quando o então candidato a vice deu declarações que geraram polêmicas, como quando falou na possibilidade de elaboração de uma nova Constituição. Bolsonaro desautorizou Mourão publicamente. Depois, nos primeiros meses de governo, a situação piorou quando um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), fez diversos ataques públicos a Mourão, insinuando que ele teria interesse em assumir o cargo do pai. O vice devolveu algumas provocações. Na época, Bolsonaro fez um apelo público para um “ponto final” na discussão e a situação se acalmou.
Um dos pontos de atrito são as frequentes declarações de Mourão à imprensa.
Nos últimos meses, Mourão passou a reconhecer publicamente que sua relação com Bolsonaro está desgastada e que os dois têm poucas reuniões particulares. O presidente também passou a excluir o vice de algumas reuniões ministeriais.
Outro foco de desgaste foi o episódio em que um auxiliar de Mourão mandou mensagem para um assessor parlamentar dizendo que o vice era mais “preparado” que Bolsonaro. Mourão exonerou o auxiliar e disse que ele agiu sem o seu consentimento.
Na última sexta-feira, ao relatar que teve uma reunião com Bolsonaro para tratar de uma nova operação de Garantia de Lei e da Ordem (GLO) na Amazônia, o vice disse que a relação está “tranquila”: “Nossa relação está tranquila. É aquela história, o presidente sabe que tem a minha lealdade, sabe a forma como eu atuo, sabe o que eu penso. É uma questão de cada um se adaptar ao modo do outro. Eu mais do que ele, né. Porque, afinal de contas, ele é o presidente”, disse.