Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 1 de dezembro de 2018
A Guatemala apresentou sua candidatura para organizar a COP25 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática), marcada para ocorrer em novembro de 2019. A informação foi confirmada pelo ministro guatemalteco de Ambiente e Recursos Naturais, Alfonso Alonzo, conforme anunciiu a Agência Brasil. Costa Rica e Chile também se candidataram.
“A Guatemala se postulou como país anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, evento no qual se discute o futuro do mundo a respeito do clima”, disse Alonzo à Agência Guatemalteca de Notícias (AGN), que é o canal público de comunicação do país.
Com a retirada da candidatura por parte do Brasil para sediar a Cúpula do Clima, a Guatemala solicitou à sede e Honduras apoiou a candidatura diante das Nações Unidas. Segundo o ministro, é uma demostração da “vontade e responsabilidade” do presidente Jimmy Morales com o meio ambiente.
Alonzo lembrou que nunca se organizou na Guatemala um evento como a COP25 e que, portanto, “seria como se tivéssemos a Copa do Mundo ou os Jogos Olímpicos da mudança climática”.
“Esperamos que as Nações Unidas tomem a decisão nos próximos dias. Nós estamos preparados, temos toda a infraestrutura, demonstramos isso na 26ª Cúpula Ibero-Americana”, afirmou Alonzo, referindo-se ao evento que ocorreu os últimos dias 15 e 16 de novembro.
A Guatemala estará representada na COP24 (Cúpula do Clima das Nações Unidas de 2018) – que acontecerá entre os dias 3 e 14 deste mês, na Polônia – pelo seu ministro e ali destacará que, apesar de ser um dos países que menos contamina o planeta (0,004% do total das emissões mundiais), é um dos dez mais vulneráveis.
Decisão do Brasil
O Brasil desistiu de sediar no próximo ano a cúpula mundial do clima, a pedido do presidente eleito Jair Bolsonaro.
O Itamaraty anunciou recentemente a decisão de retirar sua oferta de sediar a COP25, reunião da ONU sobre as mudanças climáticas, alegando “as atuais restrições fiscais e orçamentárias” e “o processo de transição para a recém-eleita administração”.
“O governo brasileiro conduziu análise minuciosa dos requisitos para ser sede da COP25. A análise enfocou, em particular, as necessidades financeiras associadas à realização do evento”, detalhou a nota divulgada.
A decisão do governo brasileiro de não acolher COP25, em 2019, foi bastante criticada pela imprensa internacional e pelas organizações ambientalistas. Para as ONGs, ao desistir de sediar o evento, o Brasil envia sinais negativos sobre a política ambiental que o país pretende adotar nos próximos anos.
O Brasil era o único candidato para sediar a Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas, conhecida como COP. O evento anual reúne diplomatas, líderes políticos e representantes da sociedade civil do mundo inteiro para negociar um enfrentamento pacífico do aquecimento global e de seus impactos para o planeta e para as pessoas.
A decisão ganhou repercussão na imprensa internacional. O canal de televisão francês France 24 , afirmou que “Bolsonaro já está impondo sua vontade”, enquanto o jornal Le Monde disse que a notícia representa um “sinal negativo” e que “o programa do presidente eleito já preocupa os defensores do meio ambiente”.
Já para o jornal britânico The Guardian, trata-se de “um golpe nos esforços globais para evitar níveis perigosos de aquecimento do planeta”, e lembra que o Brasil, que abriga a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, sempre foi “um participante importante nas negociações climáticas internacionais”.
“É lamentável, mas não surpreende”, reagiu a organização ambientalista Observatório do Clima. Para a entidade, “a reviravolta provavelmente se deve à oposição do governo eleito, que já declarou guerra ao desenvolvimento sustentável em mais de uma ocasião. Não é a primeira e certamente não será a última notícia ruim de Jair Bolsonaro para essa área”.
A mais recente conferência, de novembro de 2017, a COP23, cujo anfitrião era Fiji, mas foi realizada em Bonn, na Alemanha, por questões logísticas, teve um clamor por mais “mais ambição” dos países no combate ao aquecimento global. A partir da conferência, foi elaborado o “Livro de Regras”, orientando as responsabilidades dos países desenvolvidos e em desenvolvimento para a implementação do Acordo de Paris, firmado em 2015, assegurando financiamentos ampliados e previsíveis para os países em desenvolvimento.
O Brasil recebeu um reforço de R$ 420 milhões da Alemanha e do Reino Unido para financiar projetos de manejo sustentável de florestas no Acre e no Mato Grosso.