Terça-feira, 04 de novembro de 2025

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Economia Arrecadação do governo com o Imposto Sobre Operações Financeiras supera previsão e ruma para ser 30% maior

Compartilhe esta notícia:

O governo já arrecadou R$ 8,66 bilhões somente com o aumento das alíquotas até setembro. (Foto: Reprodução)

A arrecadação com a alta das alíquotas do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), implementada a partir do fim de maio deste ano, está vindo acima do estimado pelo governo. De acordo com dados da Receita Federal, levantados pelo jornal Valor Econômico, o governo já arrecadou R$ 8,66 bilhões somente com o aumento das alíquotas até setembro, ritmo que, se for mantido nos próximos meses, fará o impacto chegar a pelo menos R$ 15,1 bilhões até dezembro, ou R$ 16 bilhões, no cálculo de alguns economistas. O Fisco previu um ganho de R$ 11,5 bilhões em 2025, considerando o último decreto válido, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Se confirmadas as expectativas, será uma alta de 31% a 39% em relação à estimativa oficial. Esses valores foram calculados pela reportagem comparando o desempenho da arrecadação do IOF, em valores nominais, de janeiro a maio, quando ainda não havia o aumento, com o desempenho observado nos meses seguintes até setembro – último mês com dados oficiais. Até maio, a arrecadação com IOF acumulava alta nominal de 7,97% frente ao mesmo período de 2024.

A arrecadação maior não chega a ser uma surpresa, porque a Receita tende a ser conservadora em suas projeções. Contudo, mostra o potencial arrecadatório do aumento do IOF, mesmo após os dois recuos parciais no decreto que elevou as alíquotas e a decisão do STF que anulou a cobrança sobre risco sacado, operação de antecipação de recebíveis usada principalmente por varejistas para financiar fornecedores.

Rafaela Vitoria, economista-chefe do Banco Inter, calcula que somente a majoração das alíquotas do IOF deve render ao governo R$ 16 bilhões neste ano. Ela diz que um dos fatores que ajudam a explicar esse desempenho é o mercado de crédito. “Apesar da Selic restritiva, o saldo de crédito tem crescido em torno de 10% ao ano”, diz. “Então, a atividade de crédito está relativamente saudável. E você tem um movimento de câmbio que sustenta uma arrecadação um pouco mais forte também.”

O economista-chefe da ARX Investimentos, Gabriel Leal de Barros, acrescenta outro fator: a concessão do consignado privado, que, após uma baixa adesão quando o governo reformulou as regras, tem tido um salto positivo nos últimos meses.

“Além disso, tem o efeito renda. A gente sabe que o governo tem feito um esforço grande de manter alguns estímulos do setor imobiliário. Quando olhamos os dados, a concessão de crédito para o setor está positiva. A de veículos, também. Então, esses estímulos explicam em grande medida essa surpresa que nós estamos vendo na arrecadação de IOF”, diz Barros.

O IOF é um tributo que incide sobre operações de crédito, câmbio e seguro. É um imposto de arrecadação “imediata” e de difícil sonegação. “Não tem como fazer planejamento tributário no curto prazo para desviar (da alta da taxação)”, explica Rafaela.

Matheus Rosa Ribeiro, analista da consultoria BRCG, diz que surpresas arrecadatórias são positivas, porque devem ajudar o governo a cumprir a meta fiscal deste ano, especialmente após a decisão do Congresso de não votar a medida provisória que trazia novas taxações para compensar parte do recuo que houve no decreto que elevou o IOF.

“Como a MP caducou e o governo já caminhava bem próximo do limite inferior da meta de primário, há um esforço fiscal pendente para cumprir a regra de primário em 2025. Sendo assim, eventuais surpresas arrecadatórias, inclusive no IOF, são muito bem-vindas, porque reduzem o esforço que o governo precisará fazer em contingenciamento de despesas”, diz. A meta deste ano é de déficit zero, mas será cumprida com um resultado negativo de até R$ 31 bilhões. O governo espera encerrar o ano com déficit de R$ 30,2 bilhões.

Por outro lado, a arrecadação federal como um todo está em início de processo de desaceleração, o que deve impactar para baixo receitas vindas de outros tributos, principalmente os ligados à atividade econômica, como o PIS/Cofins, que incidem sobre o faturamento das empresas, além de royalties e participações especiais, afetados pelo câmbio e pelo preço das commodities.

Por isso, na visão de Rafaela, a arrecadação acima do esperado com o IOF tende a ser compensada parcialmente com a redução da receita de alguns tributos neste ano. Ainda assim, a economista acredita que o governo vai cumprir a meta de 2025, considerando o piso da banda de primário, mas com a ajuda do “empoçamento” – valor liberado para gasto, mas não usado pelos ministérios.

Se mantiver o ritmo deste ano, a majoração do IOF levará o governo a arrecadar R$ 33 bilhões a mais com o tributo em 2026, ante R$ 27,7 bilhões estimados oficialmente pelo governo. Porém, os especialistas têm dúvidas se o desempenho do IOF vai continuar igual no próximo ano.

Primeiro, porque as empresas podem fazer planejamentos tributários para fugir dessa majoração. “No longo prazo, elas se planejam um pouco melhor e acabam optando por linhas de crédito em que o custo é menor”, diz a economista-chefe do Inter.

O segundo motivo é pela possibilidade de redução do mercado de crédito. “Há duas forças operando em lados contrários para 2026. Uma é que o governo continua anunciando estímulos novos e isso acaba mantendo a economia aquecida. Na ponta contrária, a gente imagina que, se o Banco Central for cauteloso no ciclo de corte, deveria reduzir um pouco esse ímpeto do IOF, que tem um colateral no crédito. Agora, é difícil saber exatamente o efeito líquido, porque não sabemos a decisão do BC (sobre o ritmo de queda da Selic)”, diz Barros. As informações são do jornal Valor Econômico.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Economia

Roubalheira nas aposentadorias: CPI de olho em entidade de pesca que movimentou R$ 410 milhões e é vista como elo entre núcleos de esquema
Banco Central publica regra que acaba com “contas-bolsão”, utilizadas pelo crime organizado
https://www.osul.com.br/arrecadacao-do-governo-com-o-imposto-sobre-operacoes-financeiras-supera-previsao-e-ruma-para-ser-30-maior/ Arrecadação do governo com o Imposto Sobre Operações Financeiras supera previsão e ruma para ser 30% maior 2025-11-03
Deixe seu comentário
Pode te interessar