Sexta-feira, 20 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 19 de junho de 2025
A Polícia Federal (PF) acusa o atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, indicado ao cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de atuar para “inviabilizar” a investigação sobre a chamada “Abin paralela” – estrutura clandestina supostamente comandada por Alexandre Ramagem para ações de arapongagem contra adversários políticos de Jair Bolsonaro.
Segundo o relatório final da PF, que se tornou público na última quarta-feira (18) depois de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirar o sigilo do inquérito, Corrêa faz parte de um grupo que teria encaminhado aos investigadores “informações inidôneas, retardando informações, influenciando servidores e dedicando esforços para que não houvesse investigação pela Polícia Federal”.
O documento diz que o atual chefe da Agência Brasileira de Inteligência passou a frequentar a sede do serviço secreto dois meses antes de ser sabatinado pelo Senado e tomar posse no cargo. A PF levantou, pelos registros de entrada e saída na Abin, que Corrêa esteve presente no QG do órgão em 47 dias antes de sua nomeação oficial.
“Agindo como o chefe de facto da agência, participou de reuniões de cúpula, teve acesso a informações sigilosas e realizou ações que notadamente tiveram o intento obstruir a investigação sobre a organização criminosa (ORCRIM) instalada no órgão”, escreve a PF.
Manutenção
O presidente Lula decidiu manter o diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Côrrea, no cargo mesmo após seu indiciamento pela PF. De acordo com auxiliares, Lula avaliou que apenas o indiciamento de Côrrea não era motivo suficiente para substituí-lo. Segundo esses interlocutores, o andamento do processo será acompanhado pelo Palácio do Planalto a partir de agora.
Lula tratou sobre a permanência de Côrrea na chefia da Abin na tarde de quarta ao receber o ministro da Casa Civil, Rui Costa no Palácio da Alvorada, em Brasília. Antes disso, Rui Costa já havia conversado por telefone com Côrrea. Na ligação, segundo interlocutores de ambos, Costa passou uma mensagem tranquilizadora ao diretor sobre seu futuro no governo, embora ambos não tenham tratado diretamente sobre a permanência dele no cargo.
Côrrea é homem de confiança de Lula e tem uma relação histórica com o presidente. No primeiro governo do petista (2003-2006), o atual chefe da Abin, que é delegado da PF, implantou e comandou a Força Nacional de Segurança. No segundo mandato (2007-2010), foi diretor-geral da Polícia Federal. Ao escolher Corrêa para comandar a Abin no começo do governo, Lula deu carta branca para ele reformular o órgão e solicitou que a mudança tornasse o fluxo de informações de inteligência mais ágil. A ideia era que a estrutura que se reportasse diretamente ao gabinete presidencial, sem passar por filtro em ministérios. (Com informações da revista Veja e do jornal O Globo)