Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de fevereiro de 2021
As eleições que no começo desta semana definiram os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado provocaram avarias graves em vários partidos e grupos políticos. Além das aparências, as traições, rasteiras e manobras oportunistas causaram estragos que inviabilizam a pacificação interna no Congresso Nacional.
Na definição de parlamentares como o deputado federal Junior Bozzella (PSL-SP), os resultados das eleições das duas casas legislativas serviram para o “bolsonarismo se infiltrar nos partidos”, causando novos rachas e aprofundando conflitos já existentes.
A crise no DEM pode ter desdobramento capaz de chacoalhar a política paulista e reagrupar a ordem das forças em torno de João Doria: o vice-governador do Estado, Rodrigo Garcia, analisa fortemente deixar o partido de ACM Neto para ingressar no PSDB.
Se for concretizado, o movimento praticamente define a sucessão de Doria em 2022, caso o governador tucano consiga concorrer à Presidência da República: Garcia assumiria o Bandeirantes e disputaria a reeleição no cargo. Deixar o DEM, no entanto, é uma decisão difícil para Garcia, liberal convicto e esteio do partido no Estado desde muito tempo.
Ala importante do PSDB cobra do partido oposição imediata a Bolsonaro. Resistência. Deputados desse grupo, porém, dizem que a distribuição de emendas feitas pelo governo em troca de apoio à eleição de Arthur Lira (PP-AL) dificulta esse processo. Mas lembram que a cobrança virá nas urnas.
Baleia Rossi e Simone Tebet se reunirão na semana que vem em São Paulo para fazer um balanço do processo e avaliar quais caminhos o MDB deve seguir a partir de agora, principalmente em relação a Jair Bolsonaro.
Emedebistas ligados à dupla avaliam que tanto Baleia quanto Simone podem representar uma renovação da sigla, mas para isso o partido precisa ter um norte à vista.
Reformulação necessária
Para o presidente do PSB, Carlos Siqueira, a interferência direta de Bolsonaro nos partidos prova que o sistema político precisa ser reformado.
“Precisamos de menos partidos e que sejam mais programáticos, mais previsíveis. Caso contrário, vamos andar mais ainda em direção ao autoritarismo”, disse à imprensa. Bozzella lembra que o PSL já viveu esse filme antes.
“Agora, pelo menos, se separou o joio do trigo, os deputados se revelaram. Os partidos devem avaliar as traições e fazer uma reorganização para 2022. Só emenda, só espaço em comissão não reelege deputado”, disse.
Presidente do PP e um dos principais articuladores da campanha de Arthur Lira à presidência da Câmara, o senador Ciro Nogueira (PI) reivindicou a vitória no bolão feito entre colegas. Afirma ter cravado os 302 votos que Lira obteve na disputa.