Terça-feira, 11 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de outubro de 2018
Faltando cinco dias para a votação em primeiro turno nas eleições 2018, aliados de Geraldo Alckmin, presidenciável do PSDB, passaram a manifestar apoio explícito ou velado à candidatura do deputado Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas de intenção de voto na disputa pelo Palácio do Planalto.
A FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) declarou na terça-feira (2), oficialmente apoio a Bolsonaro. A responsável pela adesão foi a deputada Tereza Cristina (DEM-MS), presidente da frente. Além de ser de um partido que integra a coligação de Alckmin, a deputada foi cotada para ser vice na sua chapa. O grupo congressista reúne ao menos 214 deputados, sendo 43% deles de partidos coligados à candidatura do presidenciável tucano, incluindo 18 parlamentares do PSDB.
Em vídeos que circulam pelas redes sociais, candidatos tucanos nos Estados apareceram ao lado de militantes da campanha do presidenciável do PSL. Durante uma gravação em Franca (SP), um apoiador de Bolsonaro pede votos para o candidato do PSL ao lado do ex-prefeito João Doria, postulante do PSDB ao governo paulista.
“Somos Bolsonaro, mas no Estado somos Doria. Galera do Bolsonaro, vamos apoiar Doria no Estado de São Paulo”, diz o militante, que se apresenta como Max enquanto caminha ao lado de Doria, que apenas sorri e faz o sinal de sua campanha com os dedos. A manifestação “bolsodoria” e o comportamento do candidato do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes deixaram o entorno de Alckmin bastante irritado.
Procurada, a assessoria de Doria disse que o encontro com o militante de Bolsonaro foi casual e ele apenas foi educado. Exemplo parecido ocorreu em Pernambuco. O deputado Bruno Araújo, candidato do PSDB ao Senado, gravou um vídeo com um aliado de Bolsonaro no Recife e não fez menção a Alckmin.
A decisão da frente ruralista foi considerado um “golpe duro” na campanha tucana, que perdeu respaldo de um segmento importante. Nem mesmo a senadora Ana Amélia (PP-RS), a vice de Alckmin que tem influência nesse setor, conseguiu segurar a debandada.
Governabilidade
Para Bolsonaro, o apoio, por outro lado, representa um argumento contra críticas recorrentes de que a candidatura do deputado federal não possui capilaridade no Congresso. “Buscamos governabilidade, através do entendimento com a bancada ruralista que trabalha de mãos dadas com homens e mulheres da agricultura familiar”, afirmou Bolsonaro em uma transmissão ao vivo de sua casa.
Líderes do DEM tentaram fazer com que Tereza Cristina segurasse o anúncio até o fim do primeiro turno por causa da aliança de Alckmin com o Centrão – grupo que reúne DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade.
Porém, pressões dentro da própria frente, principalmente de outro representante do DEM, o deputado federal Onyx Lorenzoni (RS), aliado de Bolsonaro, e a pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada na segunda-feira, que mostrou crescimento do candidato do PSL, foram decisivas para o anúncio.A Frente Parlamentar da Agropecuária já foi presidida pelo deputado Nilson Leitão, que é hoje líder do PSDB na Câmara e já defendeu apoio a Bolsonaro num eventual segundo turno.
O tucano disse que deputados e senadores da frente não foram consultados e a manifestação foi um ato “individual e extemporâneo”.