Terça-feira, 01 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 12 de novembro de 2024
O endosso dado pelo PT a um manifesto contrário ao corte de gastos do governo dividiu o partido e provocou críticas abertas de representantes da legenda, no momento em que há um impasse sobre o tema dentro do próprio governo.
O manifesto foi divulgado na segunda-feira e tem a assinatura de legendas como o PDT, o Psol e o PSB, além de sindicatos, entidades de classe e movimentos sociais. Ele ocorre no momento em que o mercado aguarda a divulgação das medidas que serão encaminhadas ao Congresso em forma de uma proposta de emenda à Constituição (PEC), enquanto ministros de diversas áreas demonstram resistência aos cortes.
“O poder financeiro, os mercados e seus porta-vozes na mídia agitam o fantasma de uma inexistente crise fiscal, quando o que estamos vivendo é a retomada dos fundamentos econômicos, destruídos pelo governo anterior. Onde estavam esses críticos quando Bolsonaro e Guedes romperam os orçamentos públicos e a credibilidade do Brasil? Onde estavam quando a inflação caminhava para 12%?”, diz o documento.
O manifesto lista uma série de medidas especuladas, como mudanças nas regras do seguro-desemprego e nos pisos salariais de áreas como Saúde e Educação.
“Agora querem cortar na carne da maioria do povo, avançando seu facão sobre conquistas históricas como o reajuste real do salário-mínimo e sua vinculação às aposentadorias e ao BPC, o seguro-desemprego, os direitos do trabalhador sobre o FGTS, os pisos constitucionais da Saúde e da Educação”, diz o manifesto.
Entretanto, o apoio oficial do PT desagradou representantes da legenda, provocando reações. Próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o deputado estadual Emídio de Souza (PT-SP) foi um quem verbalizou essa insatisfação.
“O PT não pode ser oposição ao governo Lula”, escreveu o parlamentar em sua conta no Instagram. “Não me consta que alguma instância de direção [partidária] tenha feito uma discussão e firmado posição no sentido de assinar o documento dos movimentos sociais.”
Para ele, “a conjuntura atual e os estreitos limites que o governo opera, com um Congresso hostil e uma amplíssima e frágil composição, desautoriza qualquer amadorismo”.
“O PT não pode fazer de conta que não é do governo nem desconhecer os claros limites do Orçamento público e do regramento constitucional e infraconstitucional que regem a receita e a despesa do governo”, prosseguiu. “Não é razoável que nossos dirigentes propaguem que as medidas que ora são debatidas no governo são desnecessárias ou apenas caprichos do mercado.” As informações são do jornal Valor Econômico.