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Ciência Astrofísica brasileira é eleita para a Academia Nacional de Ciências, nos EUA, e desenvolve missão com a Nasa

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Angela Olinto é astrofísica e professora da Universidade de Chicago. (Foto: Divulgação)

A astrofísica brasileira Angela Olinto foi eleita para a Academia Americana de Artes e Ciências e também para a Academia Nacional de Ciências, ambas nos Estados Unidos, onde ela é professora na Universidade de Chicago.

A paixão por entender como se formaram as galáxias, os planetas e cada partícula do espaço sideral teve início aos 16 anos, idade em que Angela ingressou na faculdade. Desde então, ela se dedica ao estudo das astropartículas, através de pesquisas sobre a estrutura das estrelas de nêutrons, origem e evolução dos campos magnéticos cósmicos e buracos negros, entre outros fenômenos. Com a carreira consolidada e um currículo com mais de 30 páginas, Angela lembra que, para subir cada degrau como cientista, precisou enfrentar e combater muitas agressões verbais, simplesmente por ser mulher.

“Na minha geração, existem poucas sortudas que não sofreram preconceito. No Brasil, sempre houve desigualdade de gênero e preconceito. Tive que desenvolver a habilidade de ignorar 90% deles e, às vezes, reagir a comentários como “lugar de mulher é na cozinha”. Conforme fui ficando mais velha, diminuíram os casos de assédio, justamente porque agora consigo provar o meu valor como astrofísica; os homens passaram a respeitar meu trabalho. Mas, às vezes, ainda ocorrem comentários machistas”, relata Angela.

Apesar da luta histórica das mulheres por igualdade, a presença feminina em postos de liderança e em áreas de destaque, como a ciência, ainda é menor do que a masculina. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), globalmente, menos de 30% dos pesquisadores e cientistas são mulheres. Para ir contra esse índice e equiparar a participação feminina na área, este ano, a Academia Nacional de Ciências selecionou 120 membros, sendo 59 mulheres – o maior número já eleito em um único ano.

Sendo o retrato vivo da desigualdade de gênero na ciência, Angela conta que, ao cursar o doutorado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, em 1982, foi a única mulher entre 60 homens e só teve professores do sexo masculino. Diante da desvantagem de gênero, anos depois, ao se tornar professora da Universidade de Chicago e reitora da Divisão de Ciências Físicas e Matemáticas, a missão da brasileira passou a ser aumentar a quantidade de mulheres nesses espaços de ensino. E o trabalho tem dado frutos. Apesar de não ser uma decisão unilateral, Angela já conseguiu integrar quatro mulheres ao corpo docente da universidade.

“O que a gente mais ouve é que só conseguimos entrar na academia e pesquisas de física porque somos mulheres, como uma forma de descredibilizar todo esforço e estudo que fizemos. Quando eu contrato mulheres, por exemplo, esses comentários aparecem. Uso o humor para não me estressar e também para fazer a pessoa se tocar do que disse. Geralmente, eu falo: ‘sim, fui ali na esquina e selecionei a primeira mulher que vi, não precisa estudar é só ser mulher'”, conta a astrofísica.

Entre os doutorandos da Universidade de Chicago também há avanços. Se durante a década de 1980 o índice de alunas mulheres estava restrito a 3%, atualmente a presença delas é dez vezes maior.

Contudo, a desigualdade se acentua novamente e com mais rigor ao fazer um recorte por raça/cor. Na instituição, por exemplo, ainda não há professores e professoras negros. Entre os 30% do corpo discente feminino, é possível observar alguma representatividade negra ainda não quantificada. Contudo, em palavras da astrofísica, “para cada 100 homens há 1 mulher negra”.

Nas lutas diárias para a inclusão não apenas de mulheres, mas de outras minorias como a população LGBTQI+, Angela segue quebrando tabus e desbravando o universo. Com apoio da NASA, sua pesquisa que detalha um balão de alta pressão que viaja numa altitude de 33 km para captar raios cósmicos de alta energia pode se tornar a próxima missão espacial da agência espacial americana. A expectativa é que o primeiro balão seja lançado já em 2023; e o segundo no início da década de 2030.

“Estamos construindo um telescópio, o EUSO-SPB, para voar em 2023 e projetando uma missão espacial, a POEMMA, para o final da década. Sou privilegiada por ter seguido perguntas inspiradoras sobre o nosso universo e ter construído parcerias e colaborações brilhantes no caminho. É uma grande alegria ser reconhecida pelos meus colegas cientistas especialmente num ano tão desafiador”, conclui a brasileira.

Para além de descobrir os fenômenos que acontecem fora do planeta, toda a tecnologia desenvolvida possui utilidade para os seres humanos, especialmente na medicina. Para os telescópios que serão lançados juntos com os balões, foram desenvolvidas dois tipos de câmera que fotografam entre 1 e 50 milhões de fotos por segundo. De acordo com Angela, as ferramentas podem ser aplicadas futuramente em mapeamentos de raio-x e outros exames clínicos, para detecção de doenças. Ou seja, todos poderemos nos beneficiar da pesquisa de Angela Olinto. É isso que acontece quando mulheres brilhantes desenvolvem seu potencial.

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