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Mundo Ataque a Cristina Kirchner une o peronismo, mas não a Argentina

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Manifestações convocadas por aliança governista foram resposta política, e não da sociedade como um todo, a atentado. (Foto: Reprodução)

A tentativa de assassinato da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, pelo brasileiro Fernando Sabag Montiel, deixou o país em estado de comoção e levou milhares de seguidores da governista Frente de Todos (FdT), aliança entre peronistas e kirchneristas no poder desde 2019, às ruas da capital e outras cidades, para repudiar um fato inédito de violência política na História argentina.

“Convocamos à unidade nacional, mas não a qualquer preço. O ódio, do lado de fora”, declarou Alejandra Darín, irmã do famoso ator Ricardo Darín e presidente da Associação de Atores Argentinos, diante de uma multidão que gritava contra os “gorilas” (antiperonistas), os meios de comunicação e outros considerados inimigos pelo governo.

Rodeada de ministros, governadores, sindicalistas, Mães e Avós da Praça de Maio, Alejandra leu um documento que condenou discursos de ódio e pediu à imprensa nacional que reflita sobre o que aconteceu e acontece no país, numa clara tentativa de responsabilizar a mídia — e a oposição — pelo clima de violência política.

A manifestação também contou com a participação de pessoas que se uniram ao protesto de forma espontânea, para defender a democracia e a paz social. Mas este setor, claramente minoritário, foi ofuscado por uma maioria altamente politizada, e por um discurso oficial que esteve dirigido à base de apoio de um governo que, segundo as últimas pesquisas divulgadas no país, tem 80% de rejeição.

Em frente à Casa Rosada estiveram representantes das principais centrais sindicais e movimentos estudantis que apoiam o governo. Os manifestantes gritavam palavras de ordem como “Sempre com Cristina”, “Nunca mais”, “Eles são os responsáveis pelo ódio que geram”, “A democracia é nossa e se defende” e “Aqui não desistimos”.

Quase todas as lideranças políticas condenaram o atentado, mas, pouco depois, os debates começaram pelas divergências entre opositores sobre como se comportar diante de uma clara e imediata utilização política do episódio, que poderia ter terminado em tragédia.

Para muitos, a tentativa de magnicídio poderá, finalmente, tornar-se a tábua de salvação da aliança entre peronistas e kirchneristas que, de um dia para o outro, voltou a ser considerada, nos corredores da Casa Rosada, competitiva para as eleições presidenciais de 2023.

Aliados

Os peronistas, fiéis a suas tradições, mostraram-se absolutamente coesos. Se em outros momentos se tornaram evidentes as fissuras e intrigas internas, após o ataque a Cristina, a disciplina partidária foi total.

O ministro do Interior, Wado de Pedro, kirchnerista de primeira hora, escreveu em sua conta na rede social Twitter que “não é um loco solto [o brasileiro Fernando Sabag Montiel, que tentou assassinar a vice], nem é um fato isolado: são três toneladas de editoriais em jornais, televisão e rádios dando espaço a discursos violentos. São os que semearam um clima de ódio e revanche, e hoje colhemos este resultado…”.

Oposição

Após falas enfáticas de condenação ao ataque por parte de líderes de peso, entre eles o ex-presidente Mauricio Macri, a aliança opositora Juntos pela Mudança não conseguiu chegar a um consenso sobre um documento público de repúdio à tentativa de assassinato de Cristina. Na extrema direita, o deputado Javier Milei, fenômeno eleitoral de 2021 e único candidato já confirmado para as presidenciais de 2023, optou pelo absoluto silêncio.

Segundo fontes, o principal obstáculo para alcançar este consenso foi a posição de Patricia Bullric, ex-ministra da Segurança do governo Macri e, para cada vez mais analistas, nome forte na disputa pela candidatura à Presidência da oposição em 2023. Bullric representa uma ala mais à direita da aliança opositora, liderou os protestos contra a quarentena durante a pandemia e, após o ataque a Cristina, afirmou que “o presidente está brincando com fogo: ao invés de investigar seriamente um fato grave, acusa a oposição e a imprensa, e decreta um feriado para mobilizar militantes”.

Desconfiança

Em conversas informais, grupos de WhatsApp e outras redes sociais, os debates foram inflamados. As versões sobre suposta armação por parte do governo para vitimizar-se e recuperar apoio popular estão por todos os lados. O episódio mais traumático da política argentina em muito tempo é discutido por adolescentes, jovens, adultos e idosos de todas as classes sociais. Num país no qual os partidos políticos, como em muitos outros da América Latina, perderam credibilidade, assim como a Justiça e o Congresso, a desconfiança é enorme e aprofunda ainda mais o clima de tensão social.

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https://www.osul.com.br/ataque-a-cristina-kirchner-une-o-peronismo-mas-nao-a-argentina/ Ataque a Cristina Kirchner une o peronismo, mas não a Argentina 2022-09-04
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