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Por Redação O Sul | 28 de fevereiro de 2018
Para se promover, o thriller de espionagem “Operação Red Sparrow”, que estreia nesta quinta-feira (1º), promete uma Jennifer Lawrence como você nunca viu. E entrega a protagonista em cenas de dor e sofrimento, quase sempre temperadas com sexo.
Mas ela jura que o clima no set de filmagens era bem menos barra pesada. Em uma entrevista por videoconferência a jornalistas brasileiros, em São Paulo, a atriz contou: “Algumas cenas de tortura foram as mais divertidas de fazer. Sei que seria melhor se eu fosse mais profissional, mas tudo que eu faço, no fim, é trabalho. E, se não estou feliz, não vou querer fazer”.
Segundo Lawrence, a “comunicação clara” com o diretor, Francis Lawrence (nenhum parentesco envolvido), também ajudou a tirar o peso dos momentos mais “físicos”. “Ele sempre foi muito franco sobre o que ia acontecer, o que estava envolvido”, lembrou.
“Ficar com os braços amarrados não é muito agradável, mas Francis se preocupou em filmar muito rápido. E eu sabia o que esperar, não houve surpresas.”
Feminismo
Francis também dirigiu Lawrence na franquia “Jogos vorazes”, que ajudou a lançar a atriz ao universo dos blockbusters. Mas é em seu novo filme que ela surge mais voraz do que nunca.
Baseada no livro homônimo de Jason Matthews, a história é centrada na ex-bailarina Dominika Egorova, levada pelo tio a se tornar uma “pardal”, agente de espionagem do governo russo treinada para seduzir rivais. Sexy e calculista, ela torna-se brilhante na função.
Para a atriz, a personagem sexualizada não vai de encontro ao movimento feminista que passou a ganhar força em Hollywood no ano passado. Pelo contrário. “O tema [do filme] é mais relevante agora, e fomos beneficiados por isso”, avalia.
“A trama é fictícia, os personagens também, mas acho que o filme nos fortalece. Foi o que senti, ao fazê-lo.”
MeToo
Lawrence é uma das mais ativas vozes do “MeToo”, campanha para combater crimes sexuais na indústria cinematográfica. Mas foi criticada na semana passada por usar um vestido decotado em uma área externa em um dia de inverno em Londres, durante um evento para promover “Red Sparrow”, enquanto os homens ao seu lado estavam agasalhados.
Em uma publicação nas redes sociais, ela chamou os comentários de “ridículos” e “sexistas”. “Isso está criando distrações bobas para questões reais”, escreveu.
“Começamos a filmar há três anos, e é coincidência que a estreia seja junto a essa explosão de pessoas contando suas histórias”, afirmou o diretor, citando os relatos de mulheres sobre casos de abuso. “Mas o filme mostra que tudo que se comenta agora vem acontecendo há muito tempo.”
Com polêmica ou não, a repercussão do longa após a estreia deve ajudar a definir se a história de Dominika terá continuidade nos cinemas, já que nos livros é uma trilogia. Francis disse já ter ideias para uma sequência, embora não haja nada confirmado.
“Não é uma franquia, que vamos empurrar para o público. Mas, se as pessoas gostarem do filme e parecer certo continuar, íamos adorar.”
Se quiser sua protagonista de volta, porém, o diretor vai precisar esperar. Lawrence anunciou neste mês que vai tirar um ano de folga da carreira em Hollywood para se dedicar ao engajamento político de jovens em uma ONG anti-corrupção que atua nos Estados Unidos.