Quarta-feira, 02 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 7 de janeiro de 2025
Diminuição do saldo comercial de 2023 para 2024 está relacionada, principalmente, ao aumento das importações.
Foto: Divulgação/Porto de SantosA balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 74,55 bilhões em 2024, informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) na segunda-feira (6). O resultado é de superávit quando as exportações superam as importações. Quando acontece o contrário, o resultado é deficitário.
De acordo com dados oficiais, houve uma queda de 24,6% no saldo positivo da balança comercial na comparação com o ano de 2023 — que somou US$ 98,9 bilhões (recorde histórico). Esse também foi o menor saldo para um ano fechado desde 2022 (+US$ 61,5 bilhões).
Em 2025, especialistas consideram que a manutenção do ritmo depende da política econômica interna do Brasil e de medidas do futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ao longo de 2024, as exportações do País caíram 0,8% em relação ao ano anterior e somaram US$ 337 bilhões. Mas uma alta de 3% no volume exportado ajudou a compensar a queda dos preços.
Pelo lado das compras externas, com a economia aquecida, as importações totalizaram US$ 262,4 bilhões, um aumento de 9%.
A secretária de Comércio Exterior do Mdic, Tatiana Prazeres, afirmou que a queda das exportações brasileiras deve-se ao recuo nos preços dos produtos embarcados, já que houve aumento do volume exportado. Por isso, destacou, 2024 “foi um ano muito positivo para o comércio exterior brasileiro”, com “manutenção do patamar elevado das exportações”.
No total, o preço de venda dos alimentos caiu 7,9% no ano. Esse cenário fez o petróleo superar a soja e se tornar, pela primeira vez, o principal produto de exportação do Brasil — responsável por 13,3%, contra 12,5% da soja. O produto agrícola teve queda de 3% no volume e de 16,9% no preço. Para o governo, dificilmente o petróleo manterá a liderança neste ano.
Ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil e PhD em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo (USP), Welber Barral projeta um saldo positivo acima de US$ 60 bilhões em 2025, mas com aumento no volume de importação novamente.
“O aumento de importação, como aconteceu em 2024, refere-se muito à importação de máquinas e equipamentos. Tem a ver principalmente com o aumento da demanda interna do Brasil, que leva a esse aumento de importação apesar de um dólar muito alto.”
Por outro lado, ele aponta que se a moeda americana se mantiver em um patamar elevado, como atual, as exportações brasileiras devem ser beneficiadas.
“A gente viu em 2024 uma exportação muito grande de café e celulose, principalmente por conta do preço do mercado internacional, enquanto caiu o preço do milho e da soja. Então o Brasil acaba refletindo esses preços internacionais, e os exportadores se beneficiam com o dólar mais alto”, explicou.
Enquanto isso, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, teme um cenário de incertezas para o mercado externo no ano que vem, diante das promessas de medidas protecionistas de Trump.
Para o economista e professor do Insper Alexandre Chaia, no entanto, eventuais medidas implementadas por Trump terão menos efeito sobre a balança do que uma possível piora no cenário fiscal da economia brasileira. Chaia projeta um 2025 forte na balança comercial:
“Neste ano teremos uma safra maior, e talvez com manutenção ou estabilidade no preço. Não devemos ter novamente um impacto de queda nos preços, a não ser que haja problemas em grandes produtores, como os Estados Unidos. Provavelmente teremos uma balança muito mais positiva do lado do agronegócio”, observou.
O Mdic prevê que o saldo da balança comercial este ano ficará entre US$ 60 bilhões e US$ 80 bilhões, com aumento da safra agrícola e maior oferta de bens exportáveis. As importações devem atingir entre US$ 260 bilhões e US$ 280 bilhões, enquanto as exportações devem somar de US$ 320 bilhões a US$ 360 bilhões. As informações são do portal de notícias O Globo.