Terça-feira, 29 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 28 de julho de 2025
Foram 4,5 pontos percentuais acumulados após sete aumentos consecutivos desde o início do ciclo, em setembro do ano passado
Foto: Agência BrasilO Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve manter nesta quarta-feira (30) a taxa básica de juros (Selic) inalterada em 15% ao ano –maior nível em quase duas décadas– e encerrar o ciclo de aperto depois de dez meses de alta.
Qualquer decisão diferente dessa seria motivo de surpresa para o mercado financeiro, que espera que o colegiado siga o plano traçado no encontro anterior, em junho, quando sinalizou a pausa a fim de examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado.
Foram 4,5 pontos percentuais acumulados após sete aumentos consecutivos desde o início do ciclo, em setembro do ano passado, ainda na gestão de Roberto Campos Neto.
Entre os agentes econômicos, a expectativa é de um Copom de poucas novidades, com foco na mensagem de que a Selic deverá ficar estacionada em um patamar alto o suficiente para contrair a economia por período bastante prolongado.
Em relatório, o J.P. Morgan destaca que provavelmente o colegiado do BC dará ênfase à sua “vigilância e perseverança” em manter os juros altos até que o processo de desinflação esteja firmemente estabelecido.
Desde a última reunião, concretizou-se o primeiro estouro da inflação desde que o sistema de avaliação contínua entrou em vigor, em janeiro deste ano.
Com alta acumulada de 5,35% nos 12 meses até junho, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ficou acima do limite superior do alvo por seis meses seguidos. O objetivo central perseguido pelo BC é 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Em justificativa pelo estouro, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, projetou que a inflação volte a ficar abaixo do teto da meta a partir do fim do primeiro trimestre de 2026. Devido aos efeitos defasados da política de juros sobre a economia, a partir desta reunião, o Copom passa a ter a inflação do primeiro trimestre de 2027 na mira.
Embora nas últimas semanas tenha crescido a tensão com o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de uma sobretaxa de 50% para produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, o J.P. Morgan acredita que o Copom vai preferir dar ênfase à incerteza provocada pelo potencial choque e evitar tirar conclusões neste momento.
Marco Caruso, economista do Santander, também não espera que o comitê já incorpore efeitos do tarifaço de Trump, visto que a discussão ainda não está consolidada e retrocessos ou avanços nas negociações podem ocorrer nos próximos dias e semanas.
Na visão dele, o colegiado do BC não deve jogar luz a mudanças marginais diante de uma estratégia de estabilidade dos juros por tempo prolongado.
“Estão tendo os primeiros sinais de uma desaceleração da atividade [econômica] como ele [BC] projetava, uma inflação mais baixa. O Copom está tendo as suas primeiras batalhas vencidas, então, provavelmente ele vai querer mudar muito pouco”, afirmou. “Me parece que vai ser um comunicado, se não idêntico, muito parecido com o anterior.”
Para Caruso, o comportamento do câmbio tem surpreendido positivamente, mas as incertezas não estão saindo de graça. As tarifas de Trump no cenário externo e as questões fiscais no ambiente doméstico freiam uma melhora mais significativa do real frente ao dólar.
(Com informações do jornal Folha de S.Paulo)