Quinta-feira, 30 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 12 de junho de 2018
Os grandes bancos brasileiros estão lançando nesta semana seu bureau de crédito, sob a marca Quod, que vai competir com marcas estabelecidas como Serasa e Boa Vista SCPC, num momento em que o setor amplia o foco em operações tidas como de menor risco.
A companhia, controlada por Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco e Santander Brasil, anunciou que iniciará suas atividades operacionais no final deste ano.
O movimento dos bancos acontece em meio à tramitação do projeto do Cadastro Positivo, que está em vias de ser votado pela Câmara dos Deputados.
A Quod tem como presidente Rodrigo Abreu, ex-presidente da operadora de telecomunicações TIM Participações .
Lucro dos bancos representou 14% do custo do crédito em 2017
A margem financeira dos bancos, ou seja, seu lucro, representou 14,04% do custo do crédito em 2017, informou o BC (Banco Central) nesta terça-feira (12) por meio do relatório de economia bancária.
No ano passado, o lucro dos maiores bancos do País voltou a crescer, subindo 14,6%, para R$ 57,63 bilhões, na comparação com R$ 50,29 bilhões em 2016.
De acordo com a instituição, o componente da inadimplência é aquele que têm mais peso na definição do custo do crédito, respondendo por 38,27% do total no ano passado, seguida pelas despesas administrativas (25,55%) e tributos e FGC (Fundo Garantidor de Crédito) – com 22,13%.
O BC informou que quanto maior a taxa de inadimplência, “maior a taxa de juros necessária para cobrir a perda com a inadimplência”. “Quanto maior o prazo das operações de crédito, menor a taxa de juros necessária para cobrir a perda com a inadimplência”, acrescentou.
Com relação aos chamados custos administrativos, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Viana, afirmou que evidências sugerem que o valor é “relativamente alto” no Brasil.
“Tem a ver com questões trabalhistas, de segurança. Tem a ver com uma série de questões, algumas delas que não afetam apenas o setor financeiro”, disse. Acrescentou, porém, que a tendência é de redução dos custos administrativos ao longo do tempo com o uso da tecnologia.
O Banco Central divulgou o relatório de economia bancária em um momento no qual se discute o impacto da redução da taxa básica de juros nas taxas bancárias. Embora a taxa Selic, fixada pelo BC para controlar a inflação, esteja na mínima histórica de 6,5% ao ano, os juros bancários seguem elevados para padrões internacionais.
“O esforço é buscar redução [do custo do crédito] de forma sustentável. O peso da inadimplência é elevado. Precisamos melhorar ambiente de recuperação de garantias, e a educação financeira cumpre o papel também. A agenda BC+ abrange várias delas”, disse o diretor do BC, Carlos Viana.
Nova metodologia
O BC informou que alterou a metodologia de cálculo do custo do crédito em relação ao que existia anteriormente. Com as mudanças, o peso dos custos administrativos passaram de cerca de 4% para 25% do custo do crédito, enquanto que a parcela do lucro dos bancos, que antes representava cerca de 23% desse valor, recuou para 14%.
Segundo o diretor do BC, Carlos Viana, a metodologia anterior subestimava os custos administrativos e, dessa forma, superestimava a parcela do lucro dos bancos.
“Anteriormente, a ideia é que os serviços não eram nada mais do que uma atividade que ajuda a cobrir os custos da instituição. Pega o total de custos, subtrai a receita com serviços e o resto aloca para atividades de crédito, tesouraria e câmbio”, declarou
Com a nova metodologia, o BC informou que receita com serviços entra como uma frente de negócios dos bancos. “Se o crédito está mais rentável, vou alocar mais esforços no crédito, e vou alocar mais custos administrativos para isso”, explicou.
Concentração bancária
Recentemente, o BC informou que os quatro maiores conglomerados bancários do País, Itaú-Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, fecharam o ano de 2017 com 78,5% do mercado de crédito e com 76,35% dos depósitos de correntistas.
De acordo com a instituição, em 2016 o Brasil figurava no grupo de países com os sistemas bancários mais concentrados, que inclui Austrália, Canadá, França, Holanda e Suécia. Acrescentou que os “indicadores de concentração bancária não tiveram alteração significativa em 2017”.
O BC informou que monitora a concentração do sistema financeiro e que está “atento aos riscos para o sistema e aos possíveis efeitos sobre o spread bancário e outros preços”. Acrescentou, entretanto, que a relação entre concentração e spreads “não é tão direta quanto o senso comum pode sugerir”.
“De fato, diversos fatores que não têm relação com concentração podem influenciar no custo do crédito, tal como ineficiência regulatória, rigidez informacional e limitada educação financeira”, informou a instituição, por meio do relatório de economia bancária.