Terça-feira, 09 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de setembro de 2025
A direita bolsonarista e a esquerda foram às ruas no domingo, para manifestações de um 7 de Setembro atípico, em meio ao julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil. Os apoiadores do ex-presidente defenderam a anistia dele – agora também eleitoral. A imprensa internacional destacou as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em defesa da soberania nacional, mas sobretudo a mobilização dos eleitores e dos aliados de Bolsonaro, que promoveram atos em 25 capitais e no Distrito Federal.
O jornal americano New York Times descreveu a presença de símbolos dos Estados Unidos nas manifestações pró-Bolsonaro. O diário disse ter identificado uma “abundância de elogios” ao país liderado por Donald Trump e citou, como exemplo, a bandeira americana gigante entre os apoiadores reunidos na Avenida Paulista, em São Paulo, além de camisetas com a imagem do chefe da Casa Branca no Rio e máscaras com o rosto dele no ato de Brasília.
“Embora o Bolsonaro tenha sido impedido de ocupar cargos públicos até 2030, manifestantes de direita ainda mantêm a esperança de que seus direitos políticos sejam de alguma forma restaurados. Muitos depositam sua fé na Casa Branca”, destacou o jornal, para o qual os atos mostram como o ex-presidente como “uma força política relevante no Brasil”.
O NYT ponderou que a pressão de Trump sobre as instituições brasileiras em favor do aliado teve, até o momento, “pouco sucesso” – e apenas serviu para fortalecer o apoio ao rival petista, Lula. O jornal destacou que a tendência é Bolsonaro ser condenado esta semana pelo STF por sua participação na trama golpista. “Ele pode pegar mais de 40 anos de prisão”, escreveu.
“Única salvação”
O jornal britânico The Guardian destacou que os apoiadores de Bolsonaro foram às ruas “pressionar o governo e o Judiciário do Brasil” e para “implorar ao presidente dos EUA que intensifique ainda mais sua campanha de pressão”.
“Ele é o único que pode nos salvar… Trump é a nossa única salvação”, destacou um bolsonarista ao Guardian, em Brasília.
O Guardian também deu destaque para as declarações de Lula, que condenou tentativas estrangeiras de influenciar decisões das autoridades brasileiras e criticou como “traidores” os políticos de direita que incentivavam a campanha de Trump. O diário citou a existência de símbolos americanos nas manifestações pró-Bolsonaro e faixas, como a que estava num carro de som na capital federal, com os dizeres: “América, salve o Brasil”.
O Al Jazeera, por sua vez, disse que os brasileiros marcaram o Dia da Independência do país com manifestações em apoio e contra o ex-presidente e destacou as dezenas de anos que ele pode pegar no julgamento da trama golpista. O canal destacou que o caso gerou “a ira” de Trump e citou a presença da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro no ato de São Paulo e do senador Flávio Bolsonaro, no Rio, este com a camisa “Bolsonaro 2026”, em defesa da anistia e da participação do pai na eleição.
A agência de notícias Associated Press disse que “dezenas de milhares” de apoiadores do ex-presidente foram às ruas para protestar contra o STF. A AP ressaltou que, “nos últimos anos, os aliados de Bolsonaro transformaram o dia 7 de Setembro em uma demonstração anual de força política” e que, desta vez, “Lula buscou direcionar o foco do Dia da Independência para a soberania”.
A agência destacou que o alvo “favorito” dos bolsonaristas foi o ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do caso, e citou que vários apoiadores usavam itens ligados a símbolos americanos. Também deu destaque à bandeira gigante dos EUA no ato da Avenida Paulista e ao discurso “emocionado” de Michelle.
As manifestações de 7 de Setembro também repercutiram nos jornais Le Monde e El País. O francês classificou os atos bolsonaristas como “última resistência ou contra-ataque”, citou a bandeira dos Estados Unidos em São Paulo como uma forma de “implorar ajuda” de Trump e destacou Moraes como o “principal alvo”. O espanhol descreveu a participação de Michelle Bolsonaro, os ataques ao STF, os apelos por anistia e a postura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
“O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, visto por muitos como um substituto menos radical de Bolsonaro, atacou o juiz Moraes, chamando-o de “tirano” e ditador. Ele também defendeu a anistia e a inocência de seu mentor político e disse que ‘é essencial que Bolsonaro seja eleito em 2026′”, ressaltou o El País. (Com informações do jornal O Globo)