Terça-feira, 07 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 14 de abril de 2016
Assaltantes vestidos como agentes da PF invadiram um prédio onde mora o empresário Ronan Maria Pinto em Santo André, no ABC paulista, nesta quinta-feira (14). Dono do jornal Diário do Grande ABC, ele foi preso na 27ª fase da Operação Lava-Jato.
Segundo a Polícia Civil, dois apartamentos foram assaltados no edifício, que fica na Rua Dona Carlota, 262, na Vila Bastos, região central.
De acordo com policiais do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), a ação ocorreu entre 5h30min e 8h.
Pelo menos 15 homens com roupa de agentes da PF disseram a funcionários que fariam uma diligência no apartamento do empresário.
Ao entrar no prédio, o grupo rendeu o porteiro, outros funcionários e moradores. Depois, entraram em dois apartamentos. Segundo os investigadores do Garra, nenhum deles era de Ronan. Até as 15h40min não havia informação de presos.
Lava-Jato
Ronan foi preso em 1º de abril, durante a 27ª fase da Lava-Jato, batizada de Carbono 14. Além dele, o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira, conhecido como Silvinho, também foi alvo da operação.
No dia 5, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava-Jato na primeira instância, decidiu converter a prisão temporária do empresário em preventiva – ou seja, por tempo indeterminado.
Para Moro, manter Ronan preso traz “riscos à investigação, à instrução criminal e à ordem pública”.
Segundo as investigações, ele teria recebido R$ 6 milhões em troca da não publicação de supostas informações que ligariam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho à morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT).
As investigações apontaram indícios de que Ronan conseguiu o dinheiro ameaçando publicar as informações no jornal Diário do Grande ABC, do qual é dono.
A quantia que recebeu, conforme o MPF, foi repassada por meio de um empréstimo feito pelo pecuarista José Carlos Bumlai, junto ao Banco Schahin.
Bumlai reconheceu em depoimento que fez um empréstimo de R$ 12 milhões a pedido do PT e disse que a quantia nunca foi paga ao banco. O dinheiro seria para pagar dívidas de campanha.
O MPF diz que a dívida do pecuarista foi, na verdade, um pagamento de propina da Schahin, cuja empresa de engenharia pertecente ao grupo fechou um contrato no valor de 1,6 bilhão de dólares para o aluguel de navios-sonda para a Petrobras.
Do montante do empréstimo, metade foi repassada à empresa Remar e que, posteriormente, teria chegado a Ronan Maria Pinto.
O MPF sustenta que essa intermediação foi feita para garantir que os recursos não fossem encaminhados diretamente ao empresário.
Ronan nega que tenha feito algum tipo de chantagem.
Em depoimento prestado à Polícia Federal na segunda-feira (4), o empresário disse que, de fato, pegou R$ 6 milhões da Remar, mas afirmou que o dinheiro era para pagar a compra de uma nova frota para a empresa de ônibus da qual também é proprietário.
A questão envolvendo o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira também passa pelo suposto esquema de chantagem. Ele é suspeito de ter sido o principal intermediador entre Ronan Maria Pinto e o PT. Ao contrário de Ronan, Silvinho foi solto. (AG)