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Por Redação O Sul | 28 de outubro de 2017
Milhares de fiéis procedentes de várias cidades gaúchas, de outros Estados e até mesmo do exterior acompanharam em Caxias do Sul, na manhã desse sábado, a cerimônia de beatificação do padre João Schiavo (1903-1967) em Caxias do Sul. A celebração religiosa foi presidida pelo cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação das Causas dos Santos e representante do papa Francisco.
O culto que declarou o padre beato aconteceu nos pavilhões da Festa da Uva e contou com a presença do governador José Ivo Sartori e da secretária do Desenvolvimento Social, Trabalho, Justiça e Direitos Humanos, Maria Helena Sartori. O evento foi organizado pela Diocese de Caxias do Sul, Congregação dos Josefinos de Murialdo e Congregação das Irmãs Murialdinas de São José, junto com a Associação do padre João Schiavo.
O rito de beatificação teve início com o bispo diocesano de Caxias do Sul, dom Alessandro Ruffinoni, em nome de todos os bispos presentes, pedindo ao cardeal que Schiavo fosse inscrito como beato, e seguiu-se com uma apresentação do religioso. Houve leitura da Carta Apostólica em latim pelo Cardeal Amato, assinada pelo papa, proclamando padre João Schiavo Bem-Aventurado. Depois, ocorreu o descerramento de imagem e a procissão.
“Além da religiosidade e da espiritualidade, independente da crença de cada um, esse é um momento muito importante para Fazenda Souza, para Caxias do Sul, para o Estado e para o Brasil. Momento de agradecimento, de gratidão, mas acima de tudo de saber que padre João Schiavo foi um formador, um educador dedicado às causas sociais”, ressaltou Sartori.
Para o bispo de Caxias do Sul, Dom Alessandro Ruffinoni, é uma honra que Schiavo tenha trabalhado para a Diocese, ato que estimula, principalmente nos padres, o espírito de doação ao povo. “Ele atuou muito na educação dos pobres, principalmente crianças e adolescentes. Para nós, sua presença aqui é exemplo de sacerdote paciente, educador e que sabe acolher as pessoas”, afirmou.
Grupos de várias cidades e países assistiram a cerimônia. Segundo os organizadores da Argentina e do Chile, onde há a presença dos Josefinos e Murialdinas, são cerca de 160 pessoas, 34 devotos do Equador e da Itália, mais um grupo de 31 pessoas, incluindo nove parentes do padre. Além do público de aproximadamente 15 mil pessoas, contabilizam-se 180 sacerdotes, entre padres, bispos e arcebispos.
Às 10h deste domingo, uma missa de ação de graças será realizada na capela padre João Schiavo, em Fazenda Souza. Entre as lideranças eclesiais participaram o Superior Geral dos Josefinos, padre Mario Aldegani e a Superiora Geral das Irmãs Murialdinas de São José, Irmã Orsola Bertolotto.
A beatificação do padre João Schiavo ocorre após a Igreja reconhecer um milagre de outubro de 1997. O morador de Caxias do Sul, Juvelino Carra, havia sido desacreditado pelos médicos após uma trombose intestinal aguda. A esposa de Juvelino, ao saber que a cura seria impossível, fez orações ao padre João Schiavo para que o marido melhorasse. O paciente que estava internado na UTI começou a apresentar melhoras e, em sete dias, teve alta hospitalar sem apresentar problemas ou sequelas.
Biografia
João Schiavo nasceu no dia 8 de julho de 1903 em Sant’Urbano de Montecchio Maggiore, na Itália. Em 10 de julho de 1927, com 24 anos, foi ordenado sacerdote da Congregação dos Josefinos de Murialdo. Chegou ao Brasil em 1931, marcando sua vida de fé e religiosidade na cidade de Caxias do Sul.
Ao longo de sua trajetória, desenvolveu intensa atividade vocacional e foi o primeiro mestre de noviços da missão Josefina no Brasil. Foi o idealizador e fundador do Seminário Josefino de Fazenda Souza, no interior caxiense, e criador da Escola Normal Rural Murialdo de Ana Rech, em parceria com o Estado.
Com sua devoção, foi educador e fez inúmeras obras que beneficiaram a comunidade da Serra gaúcha. Ele faleceu no dia 27 de janeiro de 1967, já com fama de santo. Desde então, sua sepultura, atualmente no interior de uma capela que leva o seu nome, em Fazenda Souza, é local de orações e peregrinações.
No Rio Grande do Sul são beatos o padre Manuel Gomes Gonzales e coroinha Adílio Daronch (2007), Bárbara Maix (2010). Já as santidades incluem São Roque Gonzales, Santo Afonso Rodrigues e São João de Castilhos (1988). Com a beatificação do padre João Schiavo, o Brasil alcança o número de 52 beatos e 36 santos. O País tem, ainda, 12 nomes aguardando a aprovação de um milagre para se tornarem beatos.