Sábado, 16 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 8 de agosto de 2025
Um bebê que nasceu no último mês em Ohio, nos Estados Unidos, quebrou o recorde de “mais velho do mundo” após ter se desenvolvido a partir de um embrião congelado há mais de 30 anos, que foi “adotado”. O recorde anterior pertencia a um par de gêmeos que nasceram em 2022 a partir de embriões armazenados em 1992.
A história começou no início dos anos 90, quando Linda Archerd, hoje com 62 anos, tentava engravidar há seis anos, sem sucesso. Ela e o marido decidiram então tentar a fertilização in vitro (FIV), uma tecnologia nova na época. Na técnica, o óvulo e o espermatozoide são coletados, e a fecundação ocorre em laboratório. Em seguida, o embrião é transferido para o útero da mulher, que gera o bebê.
Em maio de 1994, o casal conseguiu gerar quatro embriões, um deles transferido com sucesso para Linda, que teve uma filha. Hoje, a menina tem 31 anos e já tem também uma filha, de 10. Com isso, os outros três embriões foram congelados.
No início, Linda queria utilizá-los para gerar novos bebês, mas seu marido não desejava mais filhas. O casal acabou se divorciando, mas a americana obteve custódia dos embriões e decidiu continuar os armazenando para caso decidisse ter um novo filho mais para frente.
Porém, com o tempo, ela entrou na menopausa, e os custos para manter os embriões congelados chegaram a mais de mil dólares por ano. À revista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), ela conta que não queria descartá-los e nem doar para pesquisas ou para casais anônimos:
“É meu DNA, veio de mim, e é irmão da minha filha”, diz.
Nesse momento, Linda, que é cristã, conheceu um tipo de doação nos EUA em que a pessoa que gerou o embrião conhece o casal que busca doadores e tem voz para decidir a quem vai “entregá-lo”. No país, esse processo é supervisionado por associações, geralmente religiosas, que enxergam o embrião como uma vida.
Porém, embriões antigos têm menos chance de sobreviver ao descongelamento e à transferência bem-sucedida a um útero. Muitos lugares não aceitavam os de Linda, até que ela encontrou a agência Nightlight de Adoções Cristãs. Ainda assim, muitos casais não queriam os embriões devido ao tempo de congelamento, e boa parte das clínicas de fertilidade se recusavam a realizar o procedimento.
Foi quando Linda conheceu o casal Lindsey e Tim Pierce, de 35 e 34 anos, que tentavam engravidar há 7 anos. Eles já estavam registrados na clínica Rejoice Fertility, cujo médico responsável, John Gordon, também religioso, trabalha para reduzir ao máximo o número de embriões “sobrando”. A clínica é onde foi gerado o bebê que tinha o recorde anterior de “mais velho”, obtido em 2022.
“Temos alguns princípios orientadores, e eles vêm da nossa fé. Todo embrião merece uma chance de vida e que o único embrião que não pode resultar em um bebê saudável é aquele que não tem a oportunidade de ser transferido para uma paciente”, defende Gordon.
Ao buscar a adoção de embriões, o casal, que também é cristão, decidiu estar aberto a “qualquer um”. Foi quando decidiram receber os três de Linda, congelados há 30 anos. O processo não foi simples: nos anos 90, o material era armazenado usando uma técnica de congelamento lento que podia formar cristais de gelo e prejudicar o embrião. A partir dos anos 2000, ela foi substituída pela vitrificação, que usa nitrogênio líquido para congelá-los rapidamente.
Mesmo com as dificuldades, os três embriões de Linda foram descongelados com sucesso, No entanto, logo depois, um parou de se desenvolver. Os outros dois foram transferidos para o útero de Lindsey em 14 de novembro do ano passado. Um deles gerou um feto, e o pequeno Thaddeus Daniel Pierce nasceu no último dia 26.
“Nós não começamos com a intenção de quebrar nenhum recorde. Só queríamos ter um bebê. A primeira coisa que notei quando Lindsey me enviou fotos dele foi o quanto ele parece com minha filha quando bebê. Peguei meu álbum e comparei lado a lado, e não há dúvida de que são irmãos”, conta Linda, que gerou o embrião.
Ela diz que não planeja ainda encontrar o bebê, já que o casal mora longe, mas que isso seria “um sonho realizado”. Já Lindsey relata que a sua família e o pessoal de sua igreja veem o processo como “algo tirado de um filme de ficção científica”, mas diz que estão todos felizes com a chegada de Thaddeus.
“Foi um parto difícil, mas agora estamos ambos bem. Ele é tão tranquilo. Estamos maravilhados por termos esse bebê precioso”, conta. As informações são do jornal O Globo.