Sábado, 18 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de agosto de 2020
Em mais uma ação no combate ao coronavírus com a sua instituição, Bill Gates, fundador da Microsoft, anunciou que vai doar US$ 150 milhões para instituições que trabalham no desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19. Por meio da Fundação Bill e Melinda Gates, as vacinas serão destinadas à países considerados de baixa renda e pode fornecer até 100 milhões de doses.
Por enquanto, ainda não há nenhuma parceria da fundação com empresas que desenvolvem a vacina, mas AstraZeneca e da Novavax são candidatas para fazer parte do projeto, afirmou a Gavi, organização sem fins lucrativos parceira da instituição de Bill Gates.
Ao todo, a iniciativa espera contemplar 92 países de baixa renda, abaixando para US$ 3 o valor de cada dose produzida, em um trabalho em conjunto com a Serum Institute of India (SII). A parceria também trabalha para entregar 2 bilhões de doses da vacina para todo o mundo até o final de 2021.
“Os pesquisadores estão fazendo um bom progresso no desenvolvimento de vacinas seguras e eficazes para COVID-19”, disse Gates. “Mas garantir que todos tenham acesso a eles, o mais rápido possível, exigirá uma tremenda capacidade de fabricação e uma rede de distribuição global’.
Crise controlada
Bill Gates está otimista com relação aos avanços científicos e inovações alcançados na corrida para tratar do novo coronavírus. O cofundador da Microsoft previu que uma pandemia estava para chegar. Agora, dá sua perspectiva para o final da crise sanitária no mundo: o fim de 2022. Em entrevista à revista Wired, Gates estimou que países ricos estarão livres da doença até o fim de 2021. O resto do mundo, acredita o segundo homem mais rico do mundo, provavelmente terá que esperar mais um ano para isso.
“Você tem que admitir que há trilhões de dólares de danos econômicos e muitas dívidas, mas o processo de inovação para aumentar a escala de diagnóstico, em terapêuticos, em vacinas é realmente impressionante”, declarou Gates, que faz sua previsão na sequência. Para ele, esperar o fim da crise até o final de 2022 só é possível devido à escala da inovação.
Apesar deste sinal positivo, Gates está preocupado que se perderão muitos anos nos tratamentos à malária, poliomielite e HIV, além do endividamento e instabilidade em países de tamanhos diversos. Para o executivo, “levará anos para voltar a onde você estava no início de 2020”, pois a crise causará danos negativos em uma magnitude semelhante a Primeira e Segunda Guerra mundiais — embora menores. Se você achou o otimismo de Gates meio pessimista, ele explica: sem o ritmo de inovação atual, a pandemia se arrastaria por cinco anos, até que a população do mundo estivesse imune à doença.
O cofundador da Microsoft analisou as vacinas que estão sob desenvolvimento em dois blocos: as de RNA (de Moderna, Pfizer/BioNTech e CureVac), que são mais difíceis de escalar a produção, e as escaláveis e de baixo custo (de AstraZeneca ou Johnson & Johnson). O primeiro bloco servirá para atender aos países ricos, enquanto o segundo ajudará no resto do mundo.
Gates avaliou que as primeiras fases de testes indicam que a covid-19 é uma doença cuja prevenção é possível a partir de vacinas, mas questões como a duração da proteção e eficácia para pessoas mais velhas ainda estão no ar. Outra dúvida é se há efeitos colaterais das vacinas, o que as terceiras fases de testes, que estão em andamento, devem indicar.
A pressa em tornar uma vacina disponível é um fator preocupante, na opinião do executivo. Gates destacou processos acelerados tocados na China e Rússia,enquanto considerou o profissionalismo da FDA (Food and Drug Administration), agência do governo americano que supervisiona segurança de, entre outros produtos, vacinas e remédios. “Pode haver pressão, mas as pessoas estão dizendo não, garantindo que isso não é permitido. A ironia é que esse é um presidente [Donald Trump] que é cético sobre vacinas”, comentou.