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Mundo Biografia romanceada revela a dolorida transformação da atriz Marilyn Monroe em mito

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A atriz que desejava encenar textos de Chekhov teve complicada relação com a mãe e projetou o pai em seus maridos. (Foto: Reprodução)

Isto não é uma biografia. Desde o início, Joyce Carol Oates deixa claro o que seu livro não pretende ser. Não lhe devem cobrar nomes precisos, dados de vida pesquisados a fundo, depoimentos “objetivos” ou análises de caráter sobre a personagem. Mas então o que é Blonde? Talvez um romance de invenção, talvez um ensaio ficcional sobre Norma Jeane Baker, depois conhecida como Marilyn Monroe. Talvez ambos.

Toda vida, qualquer uma, é de uma complexidade angustiante. Ainda mais a de uma pessoa pública, que sai do nada, vira uma superestrela durante cerca de 10 anos e morre jovem, aos 36. Quem foi Marilyn Monroe? – é a pergunta irrespondível que funciona como motor interno de Blonde, obra lançada originalmente em 2000 e editada agora, no Brasil, pela HarperCollins (a Rocco lançou uma tradução em 2010).

O projeto é ambicioso ao extremo. Muito mais do que se propusesse a chamada “biografia definitiva” da atriz. Oates quer ir além. Deseja sondar não apenas os fatos exteriores da trajetória de Marilyn, mas nada menos que a sua subjetividade. A sua verdade interna, por assim dizer.

Norma Jeane poderia ter sido uma garota americana qualquer, com um destino banal pela frente: lar, marido e filhos. Não foi assim. E por que não? Eis o mistério.

De fato, como imaginar um destino tão invulgar? E, no fundo, tão trágico? Dessa subjetividade imaginada, emerge uma personalidade tão poderosa como frágil. Capaz de abrir caminho em circunstâncias muito desfavoráveis, tendo de enfrentar o ambiente machista tóxico em que a oportunidade profissional se paga com o próprio corpo. Garota ingênua, mas leitora de Stanislavski, Freud e Kierkegaard. Capaz de entender suas personagens melhor que o cineasta John Huston e Louis Calhern, o veterano ator shakespeariano com quem contracena em O Segredo das Joias. Cheia de inibições e complexos e, no entanto, apta a exercer com alegria a liberdade sexual descoberta após anos de repressão. Confira trechos da entrevista com a autora da biografia a seguir.

1) Após 20 anos de publicação, como você analisa o livro hoje?

É empolgante saber que haverá uma adaptação de Blonde a ser produzida pela Netflix em 2021. E por um ilustre cineasta, Andrew Dominic. Sua versão do meu romance concentra-se em apenas alguns episódios selecionados entre vários, mas apresenta Marilyn Monroe como uma mulher explorada, desfalcada da mais elevada reputação que deveria ter tido como excelente atriz, além de ter seus rendimentos usurpados. Os leitores contemporâneos poderão ter mais simpatia por uma protagonista feminina que suporta muitas das humilhações expostas hoje pelo movimento #MeToo.

2) Você acredita que Marilyn Monroe, como ícone cultural, sobreviveria às celebridades de hoje? Quais são os elementos que tornam Monroe uma figura tão duradoura?

Sim, parece que MM é atemporal. A imagem dela está no Twitter com frequência. Ela parece ser mais popular como ícone americano do que Elvis Presley e Muhammad Ali. Surpreendentemente, não há tanta atenção dada a Audrey Hepburn (que era uma séria rival de MM nos anos 1950, quando um novo tipo de beleza feminina começou a ser destacado, mais esbelta e menos “loira” do que MM). Nem mesmo a ultraglamourosa Elizabeth Taylor, tão famosa em sua época, é tão popular nas redes sociais quanto MM.

3) A trajetória de Marilyn Monroe continua despertando atenção e já há muitos anos, tanto antes quanto depois de sua morte. A partir de suas pesquisas, é possível explicar esse eterno fascínio? Você descobriu algo que a tenha surpreendido?

Acima de tudo, fiquei surpresa em perceber como MM era excelente atriz. Parte da minha pesquisa incluiu assistir a todos os filmes dela que estavam disponíveis – um número considerável. Ao contrário de Ava Gardner, Elizabeth Taylor e outras estrelas da época, MM estava sempre tendo aulas: atuação, canto, dança. Ela ambicionava se tornar uma atriz de teatro séria e atuar em peças de Chekhov. Outras estrelas de cinema eram indiferentes ao fato de poderem “atuar” – MM estava sempre tentando se aprimorar. Fiquei surpresa, mas também desanimada com a relutância de seus contemporâneos em Hollywood em reconhecer que MM era uma atriz tão versátil, na verdade uma comediante brilhante (basta ver Quanto Mais Quente Melhor).

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https://www.osul.com.br/biografia-romanceada-revela-a-dolorida-transformacao-da-atriz-marilyn-monroe-em-mito/ Biografia romanceada revela a dolorida transformação da atriz Marilyn Monroe em mito 2021-02-21
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