Quinta-feira, 16 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de outubro de 2019
Mineração espacial é tema de muitos seriados de ficção científica. Um futuro real pode estar agora em um compartimento da ISS (Estação Espacial Internacional), onde repousam 18 reatores biominerais. Do tamanho de caixas de fósforos, os protótipos serão usados para estudar como organismos microscópicos podem ser usados para recuperar minerais e metais das rochas espaciais, no processo chamado de biomineração, já usado na Terra.
O projeto BioRock, de astrobiólogos da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, levou 1 década para ser desenvolvido. Em cada reator biomineral foram postos pedaços de rocha de basalto imersos em soluções contendo bactérias. Os pesquisadores querem ver como a baixa gravidade afeta a capacidade das bactérias de extrair materiais como ferro, cálcio e magnésio das rochas no espaço.
“Além de ser o principal componente das superfícies da Lua e de Marte, o basalto tem em sua estrutura espaços que nos permitirão ver quão bem os micróbios crescem na rocha”, explicou a pesquisadora Rosa Santomartino, líder da equipe da Universidade de Stanford que analisará as culturas quando elas retornarem à Terra daqui a três semanas.
Mineração e infecções letais
A mineração por bactérias não é o único objetivo do experimento. Bactérias, ao se reproduzirem, criam biofilmes, comunidades aderidas a uma área. Uma vez formado, o biofilme é tão coeso e tão grudado à superfície onde se reproduziu que muitos pesquisadores consideram que, uma vez iniciada, é impossível deter a infecção.
Já é sabido que a baixa gravidade (ou a ausência dela) afeta a aderência dos micróbios às superfícies e que os biofilmes formados são mais espessos e com formatos e estruturas únicas. Com as informações obtidas, será possível saber mais sobre esse processo e como controlá-lo na Terra.
Micróbio em Marte
De acordo com uma notícia publicada pelo site WIRED, estudantes das Universidades Brown e Stanford, nos Estados Unidos, estão desenvolvendo um micróbio sintético capaz de sobreviver às duras condições de vida do espaço.
Para desenvolver a Hell Cell (ou “célula do inferno”, em tradução livre), os pesquisadores estão utilizando o material genético de outros microrganismos – conhecidos como extremófilos –, capazes de sobreviver em condições extremas.
Micróbio de mil e uma utilidades
O objetivo dos cientistas é criar um micróbio sintético a partir das características genéticas mais resistentes presentes nos extremófilos, para que esses novos microrganismos possam realizar tarefas relacionadas à biomineração, produção de medicamentos e ao cultivo de alimentos, por exemplo.
Com isso, os pesquisadores afirmam que a exploração espacial se tornaria mais viável, já que esses micróbios são muito mais facilmente transportados e permitiriam a construção de estruturas e o desenvolvimento de vida em outros planetas.