Terça-feira, 07 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de outubro de 2025
Donald Trump não citou o nome de Jair Bolsonaro no telefonema dessa segunda-feira (6), de cerca de 30 minutos, com Lula, apesar de o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF) ter sido um dos argumentos usados pelo governo dos Estados Unidos para aplicação de sanções contra o Brasil.
A relação amistosa entre o presidente americano e o brasileiro foi minimizada por bolsonaristas, que buscaram destacar o que apontam um revés político para Lula: a indicação do secretário de Estado, Marco Rubio, da ala mais ideológica do governo Trump, para a continuidade das negociações.
Na conversa, Lula pediu a Trump a retirada do tarifaço imposto pelo republicano ao Brasil. O petista também solicitou que Trump suspenda “medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras” — o republicano cassou vistos de auxiliares de Lula e autorizou sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Moraes também não foi nominalmente citado, segundo testemunhas da conversa. Ainda segundo relatos, a conversa transcorreu de forma descontraída. Lula chegou a dizer que não tinha inimigos. Em resposta, Trump disse que os tem.
O bolsonarista Paulo Figueiredo, parceiro do deputado Eduardo Bolsonaro (PL) na ofensiva por sanções de Trump, minimizou os impactos da ligação entre os dois presidentes. Em publicação na rede social X, disse que “a luz no fim do túnel é um trem”.
“Trump colocou MARCO RUBIO para NEGOCIAR com o Brasil. Zero de avanço! O grau de desconexão com a realidade é patológico”, escreveu.
Figueiredo também repostou análise do jornalista Brian Winter que classifica Rubio como “um cético de longa data em relação a Lula”. O texto diz ainda que o secretário de Estado pode “insistir em demandas relacionadas à Venezuela, China e muito mais”.
O ex-secretário de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten fez uma comparação irônica com a indicação do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) para ser o relator do projeto de anistia, rebatizado posteriormente como projeto da dosimetria das penas.
“A indicação por parte do governo (Donald) Trump do secretário Rubio para que ele seja a interlocução com o governo brasileiro tem exatamente o mesmo poderio que indicar Paulinho da Força e Aécio (Neves) para aprovação da anistia”, afirmou.
“Aguardem as cenas dos próximos capítulos, peguem a pipoca”, acrescentou. (Com informações da Folha de S.Paulo)