Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 29 de agosto de 2019
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) chamou de “esmola” os US$ 20 milhões (cerca de R$ 83 milhões) oferecidos pelos líderes do G7 — grupo que reúne as maiores economias do mundo — para ajudar nos combates às queimadas na Amazônia. Na última cúpula, realizada em Biarritz, o presidente francês Emmanuel Macron confirmou que o grupo doaria o valor aos países que compõem a bacia amazônica.
“Tivemos um encontro na terça-feira com os governadores da região amazônica. E ali, só um falou em dinheiro, aquela esmola oferecida pelo Macron. O Brasil vale muito mais que vinte milhões de dólares. Eu havia dito, há poucas semanas, que alguns países europeus estavam comprando o Brasil a prestação. Já gastaram mais de um bilhão de dólares pra cá [sic]. Aí eu te pergunto, o que fizeram com esse dinheiro? Me aponte um hectare replantado, uma ação positiva. Nada.” disse Bolsonaro, sem esclarecer quais países e nem o destino dos supostos aportes.
A despeito da fala de Bolsonaro, pelo menos três governadores da região (Amazonas, Pará e Roraima) manifestaram desejo de contar com a verba que fora prometida pelos países do G7.
O episódio do aporte financeiro oferecido pelos países desenvolvidos abriu uma fenda dentro do governo. Em um primeiro momento, o Planalto confirmou que não aceitaria o valor. Depois, o presidente deixou a decisão com o ministro Ernesto Araújo (Itamaraty), que também sinalizou recusa à ajuda. Um dia depois, Bolsonaro afirmou que aceitaria o dinheiro, com a condição de que Macron pedisse desculpas a ele.
Na quarta (28), todavia, o porta-voz do governo, general Otávio do Rêgo Barros, recuou e mudou o tom das respostas. Barros afirmou que o “governo não rasga dinheiro” e que “está aberto a receber suporte financeiro de organizações e países.”
Durante a transmissão ao vivo em suas redes sociais nesta quinta (29), onde proferiu as declarações sobre a ajuda do G7, Bolsonaro não deixou claro se o Brasil vai, ou não, aceitar os US$ 20 milhões. Ele voltou a criticar ONGs, sem apresentar evidências, e afirmou que o problema “não é desmatar, é desmamar esse pessoal.”
Bolsonaro afirmou ainda que os focos de incêndio na Amazônia neste ano estão “abaixo da média”. O UOL mostrou, entretanto, que, até o dia 18 de agosto, o número de focos de queimadas havia crescido 70% em comparação ao mesmo período no ano passado. Dados apontam que as queimadas atingiram maior índice em sete anos — 2013 foi o primeiro ano em que há dados informados de período similar.
Segundo os números do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) — renomado órgão que fora taxado de “mentiroso” pelo presidente — o bioma mais afetado é o da Amazônia, com 51,9% dos casos. O cerrado vem em seguida com 30,7% dos focos registrados no ano. Ao todo, o Brasil registrou neste ano 66,9 mil pontos de queimadas, segundo a medição do Programa Queimadas do Inpe.