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Por Redação O Sul | 4 de outubro de 2019
Em meio ao cenário conturbado da votação da reforma da Previdência no Senado, o presidente Jair Bolsonaro avisou a aliados que só vai encaminhar a indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada do Brasil em Washington (EUA) após concluído o segundo turno da votação, o que deve ocorrer até o final deste mês.
A demora para a oficialização do nome do filho, prometida inicialmente para a volta do recesso legislativo, em agosto, estimulou um burburinho nos corredores do Senado de que Bolsonaro havia desistido da escolha diante da resistência pública de alguns senadores.
Aliados do presidente, no entanto, dizem que o governo não quis misturar dois assuntos complexos – a reforma da Previdência e a indicação de Eduardo Bolsonaro – no mesmo período. Temia que uma empreitada contaminasse a outra e levasse à derrota em uma das frentes.
Interlocutores do presidente afirmam que o governo vai se dedicar à tentativa de aprovar Eduardo de forma prioritária após a conclusão da reforma da Previdência. Oficializado, ele será sabatinado pela CRE (Comissão de Relações Exteriores) e passará por votações no colegiado e no plenário.
Eduardo continuou a sua peregrinação por votos nas últimas semanas. Ele tem visitado gabinetes de senadores desde agosto, preferencialmente os dos que compõem a CRE. Nos últimos dias, o deputado tem procurado também parlamentares resistentes a sua indicação para embaixador.
Aconselhado pelo ministro da Secretaria de Governo da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, Eduardo procurou o xará, o senador Eduardo Braga (MDB-AM), e se apresentou. Os dois não se conheciam. Um dia antes da visita, Eduardo Braga havia se encontrado com o ministro Ramos nos corredores do Senado.
Em meio à conversa, Ramos pediu a Eduardo Braga que considerasse a aprovação do filho do presidente, enaltecendo as características do jovem deputado. Braga alegou que não poderia opinar porque não o conhecia.
Chanceler ou embaixador
Em outra visita, no gabinete de um opositor ao governo, Eduardo exaltou seu conhecimento, mas fez uma pergunta curiosa: quis saber se, na avaliação do senador, seria mais bem aproveitado como ministro das Relações Exteriores ou na embaixada em Washington. O presidente já disse publicamente que, se o nome do filho for rejeitado pela Casa, poderia indicá-lo para o lugar do chanceler Ernesto Araújo.
Recentemente, Eduardo Bolsonaro procurou a presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Simone Tebet (MDB-MS). Ele pediu o apoio da senadora, que, apesar de já ter feito críticas à indicação, disse que só vai decidir o seu voto após ouvi-lo na sabatina.