Sábado, 25 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de junho de 2019
O presidente Jair Bolsonaro admitiu ter feito uma mudança em seu discurso durante encontro dos Brics para não “polemizar” com o presidente da Rússia, Vladmir Putin, a quem se referiu como uma “potência nuclear”. Bolsonaro desistiu de fazer um apelo para que integrantes do bloco —formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul— apoiassem a transição de governo na Venezuela, hoje comandada pelo ditador Nicolás Maduro. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
“Não quis polemizar com Putin, uma potência nuclear”, afirmou neste sábado (29), durante o G20.
Em versão prévia de seu discurso, Bolsonaro pretendia mencionar a situação venezuelana. O Brasil reconheceu a legitimidade do líder oposicionista Juan Guaidó para comandar o país vizinho.
Segundo ele, a presença do russo o fez mudar de ideia.
“Eu estava na presença do presidente da Rússia e eu vi que não era o momento de ser um pouco mais agressivo.”
Entre os países do bloco, Rússia e China são simpáticos a Maduro.
Na véspera, o porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros, chegou a dizer a jornalistas que o presidente tinha tratado de Venezuela no encontro. Embora a reunião tenha sido fechada, a menção ao país vizinho não consta no texto distribuído pela assessoria aos repórteres e nem em vídeo publicado posteriormente pela organização do G20.
“Ao final da declaração, ele citou a Venezuela, sim, no intuito de que aqueles que estavam sentados à mesa com os Brics encontrassem posições que pudessem favorecer o retorno da democracia naquele país”, disse Rêgo Barros.
O presidente brasileiro presidiu na sexta encontro dos líderes dos Brics à margem do encontro do G20, em Osaka. Em sua fala, adotou discurso favorável ao livre-comércio e ao multilateralismo.
O Brasil ocupa a presidência do bloco e sediará a cúpula do grupo em novembro, em Brasília.
Durante a entrevista, Bolsonaro foi questionado sobre a possibilidade de o Brasil aplicar sanções econômicas à Venezuela. Ele respondeu ser favorável a esse tipo de medida, mas ponderou que faria consultas aos ministérios de Relações Exteriores e Defesa.
Avião militar russo desembarca na Venezuela pela 2ª vez em 3 meses
Um avião da Força Aérea russa pousou na última segunda-feira (24) no principal aeroporto da Venezuela, de acordo com uma testemunha e um site que monitora o movimento de aviões.
A chegada da aeronave ocorre três meses após um desembarque semelhante que provocou uma guerra retórica entre Washington e Moscou.
Em março, dois aviões foram à Venezuela com oficiais de defesa russos e cem soldados, o que levou os EUA a acusarem a Rússia de uma “escalada imprudente” na situação do país sul-americano.
A aeronave modelo Ilyushin 62, com cauda número RA-86496, estacionou na segunda-feira no aeroporto internacional de Maiquetía, que serve Caracas, de acordo com uma testemunha da agência de notícias Reuters.
O número de identificação é o mesmo registrado para um jato da Força Aérea Russa, segundo o site Flightradar24, e coincide com a sequência da cauda do avião que chegou a Maiquetía em março.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou à Rússia em março que retirasse todas as tropas da Venezuela, enquanto o Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que os aviões levavam especialistas que estavam firmando contratos de venda de armas.
O Ministério da Informação da Venezuela e o Ministério da Defesa da Rússia não responderam aos pedidos de comentários.
Também na segunda-feira, um destacamento naval russo, encabeçado pela fragata Almirante Gorshkov, chegou a Cuba em um momento de tensão entre a ilha comunista e os Estados Unidos.
A flotilha é integrada pelo navio logístico Elbrus e pelo rebocador de resgate Nikolai Chiker. Segundo a mídia russa, o destacamento naval deve visitar a Venezuela.
Ao entrar no canal da Baía de Havana, a fragata Almirante Groshkov, que pertence à mais nova geração de barcos de guerra russos, disparou salvas de boas-vindas, que foram respondidas da fortaleza colonial de San Carlos de la Cabaña.
Segundo um comunicado das FAR (Forças Armadas Revolucionárias), que não incluiu o motivo da visita, os guardas-marinhos russos visitariam a Marinha de Guerra cubana e “lugares de interesses histórico-cultural”.
A aproximação entre Cuba e Rússia, antigos aliados da Guerra Fria, não é novo, mas se consolida com as sanções que Washington aplica contra a ilha, acusada de apoiar militarmente o governo venezuelano de Nicolás Maduro, outro aliado de Moscou.