Sexta-feira, 02 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 26 de julho de 2019
O presidente Jair Bolsonaro espera que o impasse com os dois navios iranianos parados nas proximidades do porto de Paranaguá (PR) seja resolvido até segunda-feira (29). Ao sair do Palácio da Alvorada para uma viagem a Goiânia, Bolsonaro afirmou que tem conversado com o embaixador americano no Brasil sobre a situação dos navios iranianos , para que o problema seja resolvido sem criar “rusga” com os Estados Unidos .
Segundo o presidente, uma das dificuldades seria o pagamento pelo combustível, já que bancos não estariam querendo intermediar o repasse à Petrobras, também temendo sanções dos EUA, assim como a estatal.
“Bancos não querem, outros, né, não querem receber o recurso para esse reabastecimento do navio. Então espero que nas próximas horas, ou até no máximo segunda-feira, a gente resolva esse problema sem criar qualquer rusga com os Estados Unidos”, disse o presidente.
A declaração foi dada após o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli , ter determinado nesta semana que a Petrobras deve reabastecer os dois navios iranianos que estão há mais de 50 dias parados nas proximidades do porto de Paranaguá.
Ambos trouxeram ureia ao Brasil, em contrato realizado pela empresa brasileira Eleva Química, e deveriam levar milho de volta ao Irã. A carga de ureia que os dois navios trouxeram do Irã já foi descarregada no mês passado. Eles deveriam voltar ao país persa levando 100 mil toneladas de milho – o Irã é o terceiro maior importador dessa commodity brasileira.
A Petrobras se recusou a fornecer o combustível, alegando que poderia ser alvo de sanções americanas se o fizesse, já que os EUA adotaram sanções unilaterais contra o país e podem sancionar empresas que operam em seu território e façam negócios com Teerã.
Em sua decisão, na noite de quarta-feira (24), Toffoli argumenta que a Eleva , contratante dos navios, não está na lista de entes sancionados pelos Estados Unidos, que o não abastecimento traria prejuízos à balança comercial brasileira e que o governo americano não sancionará a Petrobras por se tratar de cumprimento de uma decisão judicial.
Ao comentar o caso anteriormente, Bolsonaro já havia dito que o seu governo está alinhado com o de Donald Trump e que havia avisado as empresas brasileiras sobre os riscos. Nesta sexta, reafirmou o alinhamento com os EUA e criticou a postura dos governos anteriores em relação ao Irã.
“O americano tem tomado medidas contra o Irã. Nós sabemos que o Irã é um país que o Lula quando presidente teve lá trás (visitando) duas vezes, se não me engano, defendendo o enriquecimento do urânio acima de 20%. O Irã dizia que era para fins pacíficos, brincadeira isso daí. A gente sabe que o Irã, não é de hoje, fala em varrer Israel do mapa, por exemplo. Então nós temos essa preocupação”, disse.
A operação de importação e exportação é classificada como “comércio compensado”, por não envolver pagamento iraniano em dinheiro, já que Teerã está com reservas reduzidas por causa das sanções aplicadas pelos EUA desde que abandonaram unilateralmente, em maio de 2018, o acordo nuclear assinado entre as principais potências e o país do Golfo Pérsico.