Quarta-feira, 19 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de março de 2025
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se opôs à permanência do filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. Segundo relatos de aliados, ele foi avisado no final de semana e tentou convencê-lo a voltar para o Brasil.
Eduardo comunicou oficialmente a Câmara dos Deputados da sua licença na quinta-feira (20), mas publicou vídeo nas suas redes sociais na última terça (18). Ele decidiu continuar no país e se afastar do cargo por 120 dias, alegando temer a apreensão do seu passaporte e uma eventual prisão.
O deputado federal comunicou seu pai da decisão no último dia 15, um dia antes da manifestação realizada no Rio de Janeiro pela anistia de presos condenados por ataques golpistas de 8 de janeiro. De acordo com relatos, o ex-presidente se emocionou ao falar com o filho e tentou dissuadi-lo de continuar no país governado por Donald Trump.
Não apenas o pai, aliados também diziam que o deputado passaria a imagem de que estaria fugindo num momento de importante embate da oposição. Além disso, outro argumento era de que isso poderia prejudicar a sua eleição ao Senado, em 2026, por São Paulo – algo já considerado como certo por bolsonaristas.
Apesar disso, Eduardo disse que não teria como atender aos apelos e que seria melhor para todos se ele ficasse nos Estados Unidos.
Para a sua decisão, pesaram três pontos: primeiro, a família, ele não queria se afastar dos filhos e da esposa; segundo, temia decisões duras do STF contra ele, caso consiga articular retaliações do governo americano à corte; e, por fim, acredita que sua atuação por essas eventuais sanções de Trump serão mais efetivas se ele estiver por lá.
Em entrevista à Folha de S.Paulo na terça, Eduardo disse que conversou com o pai e a esposa, Heloísa, e que seus argumentos foram acatados.
“Primeiro, ele [Jair] me respeita. Eu sempre vou ser filho dele, mas eu já tenho 40 anos, tenho família, duas crianças em casa. E falei pra ele, ‘olha, existe ou não existe a possibilidade de pegar um passaporte? Existe’. Ainda que você possa considerar pequena, alta ou baixa, existe”, disse.
Depois, em entrevista a um canal de YouTube, o deputado se emocionou ao falar do pai. “Muita coisa que pesa quando a gente toma essa decisão. Conversar com ele [Jair] não foi fácil, ele queria que eu tivesse por perto. Mas, conforme fui conversando com ele, foi entendendo meus argumentos e aceitou a decisão”, afirmou.
No mesmo dia em que comunicou sua permanência nos Estados Unidos, a PGR (Procuradoria-Geral da República) deu parecer contrário à apreensão do passaporte e Moraes arquivou o pedido. Ainda assim, aliados dizem não saber quando ele voltará.
Há quem dê como certo o seu retorno após os quatro meses de licença. Outros dizem que é provável que ele abra mão do mandato. À Folha ele disse que avalia entrar com pedido de asilo nos Estados Unidos.
A reação do STF, contudo, foi vista por aliados do deputado como um referendo ao seu argumento crítico ao Judiciário. Segundo eles, a rapidez com que as decisões foram tomadas, após o vídeo dele, comprovariam que há politização do Poder e que, portanto, sua decisão de ficar nos Estados Unidos estaria acertada. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.