Quinta-feira, 12 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 10 de junho de 2025
“Espero que um dia Vossa Excelência possa reconsiderar aquela multa e [o dinheiro] volte para o partido", disse.
Foto: Antonio Augusto/STFO ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), que devolvesse os R$ 22 milhões pagos pelo PL em multa ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Durante depoimento na Suprema Corte, Bolsonaro se dirigiu pessoalmente ao ministro Alexandre de Moraes e pediu: “Espero que um dia Vossa Excelência possa reconsiderar aquela multa e [o dinheiro] volte para o partido. Está fazendo muita fala aqueles R$ 22 milhões.”
Moraes respondeu que o processo já transitou em julgado, ou seja, está encerrado e não cabem mais recursos. O partido foi condenado por litigância de má-fé, imposta por Moraes, à época presidente do TSE, após questionar o resultado das urnas eletrônicas no segundo turno das eleições de 2022.
O PL chegou a protocolar um recurso solicitando a invalidação dos votos ao TSE alegando “desconformidades irreparáveis de mau funcionamento”.
No entanto, o magistrado considerou que o partido descumpriu determinação judicial e condenou por litigância e má-fé, uma vez que não apresentou quaisquer indícios e provas que justificassem o pedido de instauração de uma verificação extraordinária em urnas eletrônicas utilizadas no segundo turno.
Bolsonaro nega golpe
O ex-presidente Jair Bolsonaro negou ter participado de qualquer tentativa de golpe de Estado ou de plano para prender autoridades. Ele admitiu, no entanto, que discutiu com auxiliares e comandantes militares alternativas “dentro da Constituição” para tentar reverter o resultado das eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva.
“As conversas eram bastante informais, não era nada proposto, ‘vamos decidir’. Era conversa informal para ver se existia alguma hipótese de um dispositivo constitucional para a gente atingir o objetivo que não foi atingido no TSE. Isso foi descartado na segunda reunião”, afirmou Bolsonaro ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
Segundo o ex-presidente, não havia apoio suficiente para uma ruptura. “Não tinha clima, não tinha base minimamente sólida para fazer coisa”, disse. Ele também negou qualquer plano de prisão de autoridades. “As Forças Armadas, missão legal dada é cumprida. Missão ilegal não é cumprida. Em nenhum momento alguém me ameaçou de prisão.”
Ao ser questionado sobre encontros com o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, Bolsonaro respondeu: “Em hipótese alguma Garnier colocou tropas à minha disposição. Se fôssemos prosseguir com um estado de sítio, as medidas seriam outras”.
Ele também afirmou que tratou com os comandantes de temas como protestos de caminhoneiros e aglomerações em frente a quartéis. Segundo Bolsonaro, a pauta era o uso de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) caso houvesse distúrbios. “Jamais saindo das quatro linhas”, frisou.
Durante o depoimento, Bolsonaro comentou ainda sobre o isolamento que viveu após a derrota eleitoral.
“Conversei sim com militares, de forma isolada, para trocar informações sobre a conjuntura, porque, ministro, quando você perde uma eleição, é um vazio que o senhor não imagina. A gente conhece os amigos exatamente nesse momento. Pouca gente te procura, o pessoal quer distância”, disse. “Esse vazio muitas vezes era preenchido com visita e conversa amigável entre eu e alguns oficiais generais das Forças Armadas.”
Sobre o brigadeiro Baptista Júnior, então comandante da Aeronáutica, afirmou: “A gente conversa com as pessoas depois que dá o poder, ou quando perde o poder. Ele foi cuidar da vida dele. Eu nunca convoquei ninguém, foi convidado.”
Bolsonaro é um dos oito réus do chamado “núcleo crucial” da trama golpista, segundo a Procuradoria-Geral da República. Com informações do jornal O Globo e portal de notícias g1.