Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 10 de maio de 2019
Um dia depois de o Congresso ter imposto nova derrota ao seu governo, o presidente Jair Bolsonaro defendeu, em discurso, que o Executivo tenha a capacidade de antever problemas, afirmando que “pode haver um tsunami na semana que vem”.
“Talvez tenhamos um tsunami na semana que vem, mas a gente vence o obstáculo com toda a certeza. Somos humanos, todos erram. Alguns erros são perdoáveis, outros não”, afirmou.
A fala foi feita em um evento em Brasília para treinamento de gestores da Caixa Econômica Federal. O presidente não explicou, contudo, o que quis dizer com “tsunami”. Na próxima semana, o Congresso volta a discutir a medida provisória que trata da reestruturação do governo.
Na quinta-feira (09), o governo Bolsonaro sofreu derrotas no Congresso que colocaram em xeque a reforma administrativa do presidente e os planos do ministro Sérgio Moro, que tentava manter sob sua responsabilidade o Coaf, órgão considerado estratégico por ele para ações de combate à corrupção.
Além de terem exposto a fragilidade política da base aliada, as decisões dos parlamentares ameaçam desfigurar a estrutura do governo, que não conseguiu emplacar suas demandas mesmo após ter cedido às pressões e aceitado recriar dois ministérios que inicialmente poderiam abrigar indicações políticas.
O que está em jogo é a MP (medida provisória) 870 de Bolsonaro, que estabeleceu logo no começo do mandato uma nova configuração de pastas e atribuições – em um total de 22 com status ministerial, contra 29 sob Michel Temer.
A MP precisa passar pela Câmara e pelo Senado até 3 de junho, quando ela expira. O prazo, porém, ficou apertado com a decisão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de não votá-la na quinta-feira, como foi previsto por governo e oposição, e empurrar a discussão para a semana que vem. O texto da MP ainda vai ser votado nos plenários da Câmara e do Senado, onde pode ser modificado.
No evento da Caixa, nesta sexta-feira, em Brasília, Bolsonaro disse que sempre transmitiu a seus auxiliares a capacidade de anteciparem os problemas. “Se uma pessoa chega perto de nós e fala que tem fome, não a espere pedir um prato de comida, ofereça-lhe um prato de comida”, declarou.
Ao dizer isso, lembrou de um episódio em que era deputado e chamou lotéricos para discutir as dificuldades que enfrentavam. Na sequência, brincou que essa não era a sua especialidade e que o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, solucionou o problema.
“Minha praia é outra”, disse, fazendo um sinal de armas com as mãos e rindo. O presidente então arrancou aplausos da plateia ao fazer o gesto. “Eu acho que o pessoal gostou, em parte, do decreto das armas, com toda a certeza”, afirmou.