Quarta-feira, 16 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 7 de junho de 2022
O presidente Jair Bolsonaro (PL) passou esta terça-feira (7) inflamando sua base radical com discurso de golpe e de ataque a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). No Palácio do Planalto, ele deu continuidade aos ataques, chamando o ministro Edson Fachin, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), de “marxista-leninista e advogado do MST”.
A indignação atual do presidente é com a decisão do STF que confirmou a cassação do deputado estadual bolsonarista Fernando Francischini por propagar fake news contra o sistema eleitoral.
Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes votaram para derrubar a canetada de Nunes Marques, que beneficiou o bolsonarista e só foi apoiada por André Mendonça. Sobre a decisão dos ministros da Segunda Turma e outras do TSE, Bolsonaro declarou:
“O que eles querem? Querem uma ruptura? Por que atacam a democracia o tempo todo? Aqui não tem ninguém mais homem do que outro, mas nós não podemos nos curvar. Eu não sou dono da verdade nem dono do Brasil. Eu não sou a pessoa mais poderosa, a pessoa perfeita, e assim ninguém o é”, disse.
“Não existe tipificação penal para fake news. Se tiver, que se feche a imprensa”, afirmou o presidente, em mais um ataque aos veículos de comunicação. Bolsonaro disse estar “indignado” com a decisão da Segunda Turma do Supremo. “Enquanto a gente está em evento voltado para a fraternidade, aqui do outro lado da Praça dos Três Poderes uma turma do STF, por 3 a 2, mantém a cassação de um deputado acusado em 2018 de espalhar ‘fake news’. Esse deputado não espalhou ‘fake news’ porque o que ele falou na ‘live’ (transmissão ao vivo pelas redes sociais) eu também falei para todo mundo: que estava tendo fraudes nas eleições de 2018. Quando se apertava o número 1, já aparecia o 13 (do PT) na tela e concluía a votação”, insistiu.
Pouco antes, ele disse que Fachin, ao convidar um grupo de embaixadores na condição de presidente do TSE para, segundo ele, atacar a Presidência da República de forma indireta, cometeu um “arbítrio, um estupro à democracia brasileira”. E voltou a colocar em xeque a confiabilidade das eleições, dizendo que confia nas máquinas, mas não em quem está atrás delas.
Depois de enumerar uma série de ações do STF “contra” ele e repetir que poderá não cumprir uma eventual decisão desfavorável da Corte sobre o marco temporal para terras indígenas, Bolsonaro disparou:
“Eu sou do tempo que decisão do Supremo não se discute, se cumpre. Eu fui desse tempo. Não sou mais. Certas medidas saltam aos olhos dos leigos. É inacreditável o que fazem. Querem prejudicar a mim e prejudicam o Brasil […] É só pancada, pancada, pancada o tempo todo”.
Ele voltou a levantar dúvidas, sem provas, sobre a lisura do sistema eleitoral brasileiro. “Ganhe quem ganhar as eleições, eu entrego a faixa, mas em eleições limpas e auditáveis. Confio nas máquinas, não confio quem está atrás das máquinas”, afirmou, repetindo que, “aparentemente, ganha a eleição quem tem amigos” no TSE.
Bolsonaro destacou que quem convidou as Forças Armadas para participar do processo eleitoral foi o próprio Judiciário. “Eu sou o chefe das Forças Armadas e não vamos fazer papel de idiota”, observou. Bolsonaro concluiu dizendo que “se deu mal” por chegar à Presidência. As informações são da revista Veja, do jornal O Estado de S. Paulo e da agência de notícias Reuters.
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