Sábado, 05 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 30 de outubro de 2019
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) reagiu com indignação ao ser questionado se ameaçou tirar a concessão da TV Globo a exemplo do que Hugo Chávez fez na Venezuela com a RCTV em 2006. “Aqui não tem ditadura”, disse Bolsonaro, elevando o tom de voz. “Nunca em nenhum momento partiu de mim ameaça a qualquer órgão de imprensa no Brasil.” As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Em uma transmissão ao vivo em rede social, o presidente havia ameaçado não renovar a concessão da TV Globo depois que reportagem do Jornal Nacional revelou que o nome dele foi citado na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco.
Em tom exaltado, Bolsonaro havia classificado de “patifaria” a cobertura que a emissora faz de seu mandato e disse que é feito um jornalismo “podre” e “canalha”. Ele chamou ainda a imprensa de “porca” e “nojenta”.
“Vocês vão renovar a concessão em 2022. Não vou persegui-los, mas o processo vai estar limpo. Se o processo não estiver limpo, legal, não tem renovação da concessão de vocês, e de TV nenhuma. Vocês apostaram em me derrubar no primeiro ano e não conseguiram”, disse.
As emissoras de rádio e TV no Brasil são concessões públicas. A da TV Globo vence em 2023. A concessão é renovada ou cancelada pelo presidente, e o Congresso pode referendar ou derrubar na sequência o ato presidencial em votação nominal de 2/5 das Casas (artigo 223 da Constituição).
A concessão vence em 15 de abril de 2023. Segundo lei aprovada pelo governo Temer, no entanto, o presidente pode decidir sobre a concessão até um ano antes de ela vencer —ou seja, em abril de 2022, no início do último ano do mandato de Bolsonaro.
Bolsonaro acrescentou ainda que é contra a CPMI das Fake News, instalada no Congresso. Para ele, a comissão mista de inquérito seria apenas um pretexto para censurar as mídias sociais. “Eu sou a pessoa mais atacada com fake news e, mesmo assim, não prego qualquer censura às mídias sociais”, disse.
Governador do Rio
Além de negar envolvimento no assassinato da vereadora, Bolsonaro chamou o governador do Rio de “inimigo” e ameaçou a não renovação da concessão da emissora de televisão em 2022.
“Acabei de ver aqui na ficha que o senhor [Witzel] teria vazado esse processo que está em segredo de Justiça para a Globo. O senhor só se elegeu governador porque o senhor ficou o tempo todo colado no Flávio Bolsonaro, meu filho”, disse o presidente.
Segundo ele, o governador do Rio teria vazado essa informação da investigação porque é pré-candidato à disputa presidencial em 2022 e estaria empenhado em, segundo ele, “destruir a família Bolsonaro”.
“Deixa muito claro que algo muito errado está neste processo. Eu gostaria de falar muito neste processo, conversar com esses delegados. Colocar em pratos limpos o que está acontecendo em meu nome. Por que querem me destruir? Por que essa sede pelo poder, senhor Witzel?”, questionou.