Segunda-feira, 13 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de maio de 2020
O presidente Jair Bolsonaro nomeou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para o conselho de Itaipu Binacional, hidrelétrica que fica na fronteira com Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, e Cidade del Leste, no Paraguai Itaipu. Também foram reconduzidos aos cargos de conselheiros, entre outros, o gaúcho Carlos Marun, ex-ministro de Michel Temer, e o ex-deputado e delatado da Odebrecht José Carlos Aleluia (DEM-BA).
As nomeações foram publicadas em edição extra da sexta-feira (15) do “Diário Oficial da União” e assinadas por Bolsonaro e o próprio ministro de Minas e Energia. O ministro Bento Albuquerque foi conduzido pela primeira vez ao conselho.
Além de Marun e Aleluia, também foram reconduzidos aos cargos de conselheiros Célio Faria Júnior e Wilson Pinto Ferreira Junior. As nomeações valem até maio de 2024.
As nomeações podem estar ligadas aos partidos do chamado Centrão, um bloco informal na Câmara dos Deputados que reúne parlamentares de legendas de centro e centro-direita. Nas últimas semanas, Bolsonaro tem articulado uma aproximação com o grupo.
O Centrão é menos conhecido por suas bandeiras e mais pela característica de se aliar a governos diferentes, independentemente da ideologia. Os votos desse bloco podem corresponder até à metade dos 513 parlamentares e serem decisivos na aprovação ou rejeição de uma matéria.
Assim como em outras gestões, as negociações de Bolsonaro com o Centrão envolvem a distribuição de cargos aos partidos, que terão o direito de indicar aliados para as vagas.
Carlos Marun
Carlos Marun foi ministro-chefe da Secretaria de Governo do ex-presidente Michel Temer. Ele foi indicado ao cargo de conselheiro em Itaupu por Temer, mas afastado em março de 2019.
À época, Marun teve a nomeação questionada por uma ação popular e pelo Ministério Público Federal junto à 6ª Vara Federal de Curitiba. Em primeira instância, o pedido foi negado. Na apelação à segunda instância, o relator do processo, desembargador federal Rogério Favreto, suspendeu o ato de nomeação em liminar. No julgamento de mérito pela 3ª Turma do TRF-4, a decisão foi revertida.
Marun foi o deputado que dançou após a Câmara dos Deputados impedir o prosseguimento de denúncias contra Temer.
Em 2017, o nome do deputado federal José Carlos Aleluia surgiu na deleção da Odebrecht. Ele era suspeito de receber R$ 300 mil, via caixa 2, nas eleições de 2010, além de doação legal de R$ 280 mil nas eleições de 2014, segundo inquérito autorizado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato à época no Supremo Tribunal Federal (STF).
O grupo de parlamentares do centrão que se aproximou recentemente de Jair Bolsonaro tem defendido a permanência de Eduardo Pazuello, nomeado hoje ministro interino, no Ministério da Saúde até que acabe a pandemia.
Centrão
O general, antes secretário-executivo da pasta, assumiria assim um “mandato tampão”. O argumento é que, por ser um militar, Pazuello seguiria as ordens impostas por Bolsonaro sem questionamentos, ao contrário de um médico, como foram os dois ministros anteriores.
O vice-líder de governo e ex-ministro da Saúde Ricardo Barros (PP-PR) é um dos que vem defendendo esse ponto de vista a interlocutores. Para o líder do governo no Congresso, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO), Pazuello é a pessoa ideal para organizar a parte de logística e apoio aos estados, essencial durante a crise do coronavírus.
Gomes classifica como “exagero” a discordância de Nelson Teich sobre o uso da cloroquina, já que o Conselho Federal de Medicina (CFM) teria aprovado a droga — o conselho, porém, diz “autorizar” o uso do medicamento a partir dos primeiros sintomas, e não “recomendar”.
Políticos do centrão diagnosticam ainda que, nessa fase da pandemia, não há vantagem em indicar alguém para o ministério. Quem entrar será responsabilizado pela contagem crescente de mortos, avaliam.
O “núcleo duro” de líderes do centrão na Câmara dos Deputados que se aproximou de Bolsonaro é composto de PP, PL, PSD e Republicanos. Outros, como DEM e Solidariedade, têm se colocado como “independentes”.