Domingo, 14 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de setembro de 2021
Após uma série de ataques ao processo eleitoral e contra as urnas eletrônicas, o presidente Jair Bolsonaro resolveu mudar o tom de seu discurso. Em entrevista à revista Veja, Bolsonaro afirmou ainda que pretende participar das eleições no ano que vem.
Sobre o voto impresso, proposta defendida por Bolsonaro, afirmou que “não melaria” as eleições do ano que vem mesmo que o projeto não seja implementado – a Câmara dos Deputados rejeitou a PEC (proposta de emenda à Constituição) que propunha a impressão de um comprovante do voto. O presidente ainda afirmou que se sente mais seguro a respeito da lisura do modelo eleitoral com a participação das Forças Armadas no processo de auditoria das urnas. Isso, porém, já acontecia desde o ano passado, antes mesmo de Bolsonaro acusar, sem provas, de que o pleito poderia ser fraudado.
“Olha só: vai ter eleição, não vou melar, fique tranquilo, vai ter eleição. O que o Barroso está fazendo? Ele tem uma portaria deles, lá, do TSE, onde tem vários setores da sociedade, onde tem as Forças Armadas, que estão participando do processo a partir de agora. (…) Com as Forças Armadas participando, você não tem por que duvidar do voto eletrônico. As Forças Armadas vão empenhar seu nome, não tem por que duvidar. Eu até elogio o Barroso, no tocante a essa ideia, desde que as instituições participem de todas as fases do processo”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro foi questionado se suas ações e falas seriam a preparação para um golpe de Estado, o que o mandatário negou. “Daqui para lá, a chance de um golpe é zero. De lá pra cá, a gente vê que sempre existe essa possibilidade”, afirmou o presidente, fazendo uma referência aos processos de impeachment movidos pela oposição.
Bolsonaro também não descartou a possibilidade de se filiar a algum partido do Centrão para concorrer as eleições do ano que vem: “Sobre o partido, eu não vou fugir de estar no PP, PL ou Republicanos. Não vou fugir de estar com esses partidos, conversando com eles. O PTB ofereceu para mim também.”
O presidente afirmou que espera a melhora da economia e rechaçou a possibilidade de demissão do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ao comentar os boatos sobre uma eventual troca no comando da pasta, ele foi enfático: “Vou colocar quem lá?” Para Bolsonaro, se ele fosse substituir o ministro, seria por alguém “da linha contrária à dele”, ou seria trocar seis por meia dúzia, destacou. “Ele iria começar a gastar, e a inflação já está na casa dos 9%, o dólar em R$ 5,30. Na economia você tem que ter responsabilidade, o que se pode gastar, respeitando o teto de gastos. Se não fosse a pandemia, estaríamos voando na economia” afirmou.
De acordo com o presidente, ele foi advertido por Guedes sobre como o período eleitoral estimula quem está no poder a gastar mais com medidas populistas na tentativa de garantir a reeleição. Com relação a isso, Bolsonaro afirmou que esse é um movimento “natural do ser humano” e declarou que as medidas do governo não ultrapassaram o teto de gastos. “Não fizemos nada de errado no tocante a isso aí”.
Outro ponto abordado por ele na entrevista foi sobre as manifestações do dia 7 de setembro, o recuo e a tentativa de apaziguamento da relação com o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Bolsonaro afirmou que seus apoiadores esperavam que ele fosse “chutar o pau da barraca”. “Queriam que eu fizesse algo fora das quatro linhas. E nós temos instrumentos dentro das quatro linhas para conduzir o Brasil”, disse.
O presidente negou ter convocado a manifestação e disse que apenas 15 dias antes do movimento ele começou a declarar que estaria na Esplanada e em São Paulo para participar dos atos. “Mas, em São Paulo, quando eu falei em negociar, eu senti um bafo na cara. Extrapolei em algumas coisas que falei, mas tudo bem.”
Prestes a completar mil dias na cadeira do Executivo, Bolsonaro persiste em negar casos de corrupção. Forte crítico dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que investiga a atuação do governo federal no combate à covid-19, o presidente disse que “tem gente que não pensa no seu País” e, ao invés de “mostrar seu valor, quer caluniar o próximo”. As informações são dos jornais O Globo e O Estado de S.Paulo.