Sábado, 18 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de abril de 2019
As novas e mais incisivas críticas de Carlos Bolsonaro ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, reabriram a crise que o núcleo militar do governo via como ultrapassada.
O problema, apontam generais que atuam como bombeiros no episódio, é que o presidente Jair Bolsonaro se recusou a incluir o filho na leve reprimenda que fez ao escritor Olavo de Carvalho, o guru do bolsonarismo, pelo vídeo no qual Mourão e os militares são criticados. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
A peça foi postada no canal do YouTube de Bolsonaro durante o fim de semana, sendo retirada no fim de domingo. Carlos também a repostou. Os militares, especialmente os da ativa, viram nos fatos um recado à movimentação política de Mourão, que a família de Bolsonaro vê como interessado em derrubar o presidente.
Segundo integrantes do governo, o presidente também manteve inalterado o acesso de Carlos às suas redes sociais. Bolsonaro costuma ter primazia sobre a sua conta no Twitter, mas o Facebook e o YouTube são canais em que o filho reina quase sozinho.
Para oficiais generais que buscam apaziguar a mais explosiva crise interna do bolsonarismo no poder, a saída ideal seria o presidente declarar que o filho tem direito à sua opinião, mas que ela não reflete o que pensa o pai. Mas a nota lida pelo porta-voz Otávio do Rêgo Barros apenas tratou de dizer que Olavo, elogiado como patriota, talvez atrapalhasse o governo com suas declarações.
Bolsonaro foi intransigente, lembrando o que já disse em público: que considera Carlos um dos principais responsáveis por sua eleição, ao comandar a sua estratégia digital, e que o filho mereceria uma cadeira no ministério.
Mourão tem agido com cautela no episódio. Tratou de criticar Olavo, mas não Carlos, publicamente. No fim de semana, falou ao telefone sobre amenidades com o presidente e, na manhã desta terça (23), participou ao lado dele de uma reunião ministerial no Palácio do Planalto.
No encontro, ninguém tocou no episódio. Bolsonaro apenas pediu genericamente alinhamento de discurso entre as várias instâncias do governo, agindo mais como animador de torcida em um dia crucial para a área econômica, com a votação da admissibilidade da reforma da Previdência na Câmara.
Enquanto isso, Carlos dobrava a aposta, com postagens no Twitter mais agressivas. No começo da noite, replicou uma crítica de Mourão ao que considerava excesso de vitimização da campanha bolsonarista após o atentado sofrido pelo então candidato em 6 de setembro. Comentou, chamando o vice de “o tal de Mourão”.
O vice-presidente da República tem se movimentado bastante, conversando com empresários, investidores e embaixadores.