Sexta-feira, 09 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 17 de outubro de 2019
O governo federal publicou nesta quinta-feira (17) a exoneração do general do Exército João Carlos de Jesus Corrêa da presidência do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). No lugar dele, foi nomeado para o cargo o economista e pecuarista Geraldo José da Câmara Ferreira de Melo Filho.
A troca no comando do Incra foi publicada na edição desta quinta do Diário Oficial da União.
O Incra é responsável por executar a reforma agrária e o ordenamento fundiário nacional. Desde o início do governo Bolsonaro, o órgão é subordinado ao Ministério da Agricultura. Nos governos anteriores, o instituto era vinculado à Casa Civil.
Em julho, Geraldo José da Câmara Ferreira de Melo Filho havia sido nomeado para o cargo de assessor especial do gabinete do ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e atuava como secretário-adjunto de Relacionamento Externo da pasta. Agora, assumirá o comando do Incra.
De acordo com seu currículo apresentado na rede profissional LinkedIn, Melo Filho tem ligação antiga com a agropecuária e é sócio da empresa Seleção Guzerá Agropecuária Ltda, proprietária de duas fazendas, uma em Minas Gerais e outra na Bahia.
Também foi, até agosto deste ano, diretor técnico da Associação de Criadores de Guzerá (uma raça de gado bovino) e superintendente da CNA (Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária). Seu pai, Geraldo Melo, principal figura política do PSDB do Rio Grande do Norte, era dono da usina de açúcar São Francisco.
Melo irá ocupar o cargo deixado vago no início de mês pelo general João Carlos Jesus Corrêa, demitido por pressão do secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Nabhan Garcia.
Incomodado com a resistência de Corrêa a mudanças nos processos de regularização fundiária, o secretário convenceu o presidente Jair Bolsonaro a trocar o comando do Incra. Toda a diretoria do órgão foi demitida.
Fontes ouvidas pela Reuters disseram que Nabhan queria ampliar sua influência no Incra, que é o órgão que realmente tem poder de decisão nas questões fundiárias. Apesar de ter o tema no nome, a secretaria de Nabhan não tem nem a estrutura nem o orçamento para influenciar na regularização, por exemplo.
Ao admitir que “levou dados” ao presidente Jair Bolsonaro que levaram à demissão do general — números que demonstrariam a falta de avanços na regularização — Nabhan defendeu que o Incra deveria ter à frente um nome “absolutamente técnico”.