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Colunistas Brasil rachado ao meio

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

As jornadas de junho de 2013, a recessão no governo Dilma (duas quedas de 7% do PIB ao ano), o impeachment, o desgaste da política, a prisão de Lula – eis aí os ingredientes que engendraram o surgimento, no cenário nacional, de uma candidatura “outsider”, fora dos nomes e dos partidos tradicionais, com uma mensagem “radical”.

Na tempestade perfeita não faltou nem mesmo a trama impensável de afastar Lula do pleito, no âmbito de uma celebrada operação, a Lava Jato, abrindo o caminho ao arrivista desbocado, “autêntico”, desafiando todos os valores que até então pareciam sólidos, e que se apresentava como o candidato anti sistema, o candidato contra “isso tudo que aí está”.

Afastado Lula, que liderava todas as pesquisas, Bolsonaro ainda contou com a facada que quase lhe tirou a vida, determinante na vitória eleitoral de 2018 e na construção do “mito”. As esquerdas, do alto de sua soberba quanto ao destino do mundo, entretanto, passaram batidas pelas redes sociais, ignorando o seu papel e o manejo competente da direita. Nas redes sociais, Carluxo Bolsonaro deu um nó tático nos seguidores de Paulo Freire, Marx, Gramsci, Lula, o PT.

Essa conjunção de fatos atípicos – pelo menos até então – resultou na eleição um sujeito boquirroto, voluntarioso na ação e carente de ideias sensatas, de maus modos, da direita casca grossa, que nunca havia administrado nada, capaz de dizer qualquer besteira que lhe viesse à cabeça, mau militar até mesmo na consideração dos seus pares mais antigos.

Com todos os seus defeitos, com todas as suas obsessões e excentricidades, não apenas se elegeu presidente, como conquistou os corações e as mentes de – pelo menos – um terço da população brasileira. Virou presidente e indiscutivelmente líder popular.

E é exatamente nessa quadra histórica do Brasil que se instalou o que até antes não existia entre nós: o país antagonizado em dois polos que se detestam e odeiam, sem margem à vista para uma convivência respeitosa e civilizada, sem chances de uma trégua ou paz duradouro. Estamos em guerra.

Foi no governo Bolsonaro que o Brasil rachou ao meio, uma vez que ele levou ao paroxismo a conduta irradia, as diatribes, paranoias, objeções, ofensas ao senso comum, as mentiras indecorosas, que de tanto serem repetidas, ganham foro de verdade, ao menos para a parte da população que acredita nele. Os anos de 2019 a 2023: O auge da vocação e da trama golpista, do desprovimento republicano, dos valores regressivos.

Por pouco, esse conjunto escabroso de circunstâncias não prevaleceu na eleição de 2022. A vitória de Lula, por estreita margem, não afastou Bolsonaro – ao inverso, parece ter dado a ele não apenas fôlego, como consolidaram a sua força. Se a intenção era fraturar o país, o projeto não poderia ter sido mais exitoso.

Lula vitorioso, bem que poderia ter cumprido a promessa de campanha de governar com todos e pacificar o país. Fez o inverso: Fechou a cara e as portas, incendiou o debate – se reinventou para pior. No momento, não há nem a mais leve esperança de calmaria: as velas do radicalismo e da intolerância estão mais do que nunca enfunadas.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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Paparico Bacchi representa a Assembleia Legislativa no Parlamento Regional da Serra Gaúcha
Panorama Político
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