Terça-feira, 18 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de novembro de 2025
Foi para eliminar gordura abdominal que a gerente de marketing Renata Junqueira Strada, 38, recorreu a cirurgia de lipoaspiração. O procedimento estético foi realizado em outubro do ano passado para remodelar o abdômen.
“Eu sempre tive uma relação difícil com o meu corpo. Fui magra, depois engordei um pouco e voltei a emagrecer. Mesmo fazendo musculação, a gordura abdominal não desaparecia, por isso decidi pela cirurgia. Eu queria me olhar no espelho e gostar do meu corpo”, conta.
Assim como Renata, outras 289 mil pessoas recorreram à lipoaspiração em busca de um corpo considerado “perfeito” no ano passado no Brasil, o equivalente a pouco mais de 790 cirurgias por dia. O procedimento estético aparece no topo do ranking das cirurgias plásticas mais realizadas no país em 2024, segundo o último levantamento da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética.
A lipoaspiração ficou à frente de procedimentos como prótese de mama (232 mil), cirurgia nas pálpebras (231 mil) e abdominoplastia (192 mil).
Ainda segundo o levantamento, o Brasil lidera o ranking mundial de procedimentos cirúrgicos estéticos, com mais de 2,3 milhões de cirurgias realizadas em 2024. O número representa 75% dos procedimentos estéticos feitos no país, os outros 25% (769.245) são considerados não cirúrgicos como aplicação de toxina botulínica, preenchimentos e outras intervenções minimamente invasivas.
A popularização da lipoaspiração no Brasil não segue uma tendência mundial. Globalmente, a cirurgia estética mais procurada é a nas pálpebras (2,11 milhões de procedimentos), que ultrapassou a lipoaspiração pela primeira vez, que teve 2,08 milhões de procedimentos realizados. Em seguida aparecem o aumento de mamas (1,65 milhão), a revisão de cicatriz (1,1 milhão) e a rinoplastia (1,08 milhão), completando o ranking dos cinco procedimentos cirúrgicos mais realizados no mundo.
Especialistas apontam que a popularidade da lipoaspiração não é por acaso e reflete fatores culturais. O Brasil tem uma forte tradição de valorização da aparência física, impulsionada pelo clima tropical, pela mídia, redes sociais e pela influência de celebridades que expõem resultados de cirurgias e procedimentos estéticos como sinônimo de sucesso pessoal.
“A mídia social coloca essa cirurgia plástica como mais um item de desejo, como mais um item de qualidade de vida e isso leva a um aumento do número de procedimentos e aumento da procura”, avalia Daniel Regazzini, cirurgião plástico e diretor de Comunicação da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica).
Além disso, a ampliação do acesso com preços competitivos tem contribuído para o aumento do número de procedimentos. É comum encontrar pacotes de lipoaspiração sendo oferecidos em consórcios, com parcelamento facilitado e campanhas publicitárias com “antes e depois” circulam nas redes, despertando o desejo.
“É uma cirurgia que dá resultados espetaculares, mas precisa ser bem indicada, ou seja, não é uma cirurgia para ser realizada em paciente obeso. Paciente que está acima do peso, precisa emagrecer e estar em seu peso ideal. Somente depois é indicado retirar as gorduras localizadas com lipoaspiração”, explica Marco Cassol, cirurgião plástico.
Segundo especialistas, a lipoaspiração é uma intervenção de baixo risco. No procedimento, são utilizadas cânulas que fazem a retirada da gordura localizada, fazendo o contorno corporal.
“Atualmente, essas cânulas são conectadas a um aparelho elétrico também que fazem uma vibração, com isso removem a gordura com muito mais facilidade, diminuindo o trauma nos tecidos, diminuindo as dores no pós-operatório e fazendo uma retirada muito mais controlada e segura”, explica Rodrigo Mangaravite cirurgião plástico e membro do hospital Israelita Albert Einstein.
Nos últimos anos, as técnicas de lipoaspiração evoluíram, com o surgimento de versões menos invasivas, como a lipo HD e a lipoaspiração a laser, que prometem resultados mais precisos e recuperação mais rápida. Ainda assim, especialistas alertam que todas são consideradas intervenções cirúrgicas e têm riscos.
Apesar de ser considerado um procedimento de baixo risco, é necessário o uso de anestesia, demanda que o paciente esteja com boa saúde e faça exames pré-operatórios. Além disso, ela deve ser realizada apenas por cirurgião plástico e em ambiente hospitalar preparado para lidar com complicações. O volume máximo de gordura retirado de um paciente não deve ultrapassar 10% do seu peso corporal, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
“Os riscos do procedimento vão desde perfuração na região do abdômen, a lesões de pele, como queimaduras e deformidades estéticas com retirada excessiva de gordura. Essas são as complicações mais graves”, acrescenta Mangaravite. As informações são da emissora internacional de notícias da Alemanha Deutsche Welle.