Quarta-feira, 24 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de fevereiro de 2022
A brasileira Eduarda Santos de Almeida, de 27 anos, foi encontrada morta na última quarta-feira em uma trilha na região turística de Circuito Chico, em Bariloche, na Argentina. A vítima tinha hematomas e nove marcas de tiros no corpo. O pai de dois filhos da vítima, identificado como Fernando Alves Ferreira, foi preso e confessou o crime durante audiência realizada nesta sexta-feira (18). Ele também é brasileiro, natural de São Paulo.
Conforme o jornal El Cordillerano, o juiz de garantias Sergio Pichetto aprovou a abertura do inquérito sobre o caso e concedeu um prazo de quatro meses para o processo. Durante esse período, o acusado deve permanecer em prisão preventiva. A Justiça defende que se trata de um caso de feminicídio, já que a relação dos dois era marcada pela violência de gênero e abusos psicológicos e econômicos.
“Gostaria de receber apoio psicológico e me declaro culpado pela morte de Eduarda Santos. Sou responsável. Não planejei, mas tive a opção, considerando que minha vida estava em perigo. Desculpe, mas minha vida veio em primeiro lugar”, disse Ferreira.
O homem ainda relatou uma rotina de violência entre o casal. Investigadores também apuram a informação de que, apesar de ter tido filhos gêmeos com a vítima, Ferreira teria registrado as crianças no nome dele e de outro homem com quem foi casado, já falecido.
“Em nenhum momento Eduarda foi submissa. Fiquei viúvo há sete meses. A violência que sofríamos em nossa casa era constante. A prioridade sempre foi meus filhos, eles nunca vivenciaram uma situação de agressividade ou violência. Voltar ao Brasil não era uma opção. Eu não fugi porque não quis, eu poderia ter feito isso. Aqui meus filhos estão protegidos. A família do meu falecido marido mora com eles. Se a Justiça Argentina mandar meus filhos para o Brasil, eles arriscam a vida deles”, afirmou.
A brasileira gerou os filhos gêmeos do homem preso pelo crime ao ter servido de barriga de aluguel, informou o Ministério Público de Bariloche nesta sexta-feira.
Os investigadores concluíram que o ato de Fernando Alves Ferreira, também brasileiro, foi violência de gênero, pois “o acusado manteve relação com a vítima e exerceu violência psicológica e econômica contra ela durante anos, aprofundando sua situação de vulnerabilidade, por se tratar de mulher estrangeira, sem parentes ou pessoas de confiança, sem trabalho e com um bebê de um mês, que precisava residir na casa do réu para garantir sua subsistência e a de seu filho”.
Conforme destacou o procurador-chefe Martín Lozada, “embora todos os feminicídios possam ser classificados como homicídios, a verdade é que nem todos os homicídios de mulheres podem ser classificados como tal”. Para ele, essa diferença é explicada pelo fato de que “o motivo do ato pode não estar relacionado à condição de ser mulher ou não ser motivado pelo gênero”.
“Apesar disso, neste caso específico temos uma série de indicadores que nos permitem qualificar, com precisão e pontualidade, como feminicídio o ato de matar praticado pelo acusado em relação à vítima”, declarou Lozada em comunicado, lembrando que o acusado “tinha alugado o ventre da mulher para abrigar dois filhos ali”.
“Ou seja, viveram juntos depois de terem dado à luz os gêmeos no âmbito da referida gestação”, acrescentou, destacando ainda o alto grau de violência praticado no crime.
O autor nasceu em São Paulo, mas possuía “documento nacional de identidade da Argentina”, segundo o jornal El Cordillerano. As informações são do jornal O Globo.