Domingo, 10 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 20 de maio de 2022
Lesões causadas pela varíola dos macacos no braço e na perna de uma menina na Libéria.
Foto: Domínio público/WikipediaA Alemanha registrou seu primeiro caso de varíola dos macacos, informou nesta sexta-feira (20) o Instituto de Microbiologia da Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs. O vírus foi detectado na quinta-feira num brasileiro de 26 anos.
Ele chegou na Alemanha após viagem com origem em Portugal, passando pela Espanha, e estava há uma semana em Munique, no sul da Alemanha, aonde chegou depois de passar por Düsseldorf e Frankfurt. O paciente teria apresentado erupções cutâneas, um dos sintomas característicos da doença. O brasileiro está em isolamento numa clínica na cidade.
Em comunicado, a instituição ressalta que as autoridades sanitárias da Europa e da América do Norte vêm detectando um número crescente de casos de varíola dos macacos desde o início de março, o que suscita receios de que a doença, habitualmente presente apenas em algumas regiões da África, esteja se alastrando.
Maior surto da doença na Europa
Com vários casos confirmados no Reino Unido, Itália, Suécia, Espanha e Portugal, este é o maior e mais extenso surto de varíola dos macacos já visto na Europa. Ainda não se sabe se há uma conexão entre os casos individuais e o surto atual e, em caso afirmativo, qual é essa relação.
O Canadá foi um dos países mais recentes a relatar casos suspeitos da varíola de macacos, depois que Espanha e Portugal confirmaram 28 e 23 infecções, respectivamente. Os dois países também investigam dezenas de casos suspeitos.
Já o Reino Unido confirmou 20 casos desde 6 de maio e os Estados Unidos um, afirmando que o paciente havia estado no Canadá. A Suécia e a Itália confirmaram um caso. A França e a Bélgica também registraram as primeiras infecções nesta sexta-feira.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está em contato com autoridades de saúde europeias sobres os possíveis surtos.
Uma grande parte ou possivelmente todos os casos até agora afetam homens. O instituto aconselha viajantes que retornam da África Ocidental a consultarem um médico imediatamente se notarem qualquer alteração incomum na pele, principalmente homens que mantiveram relações sexuais com outros homens.
O período de incubação do vírus varia de sete a 21 dias. Os sintomas, porém, costumam aparecer após dez ou 14 dias. Além das erupções cutâneas, a varíola dos macacos causa dores na cabeça, costas e muscular, febre, calafrios, cansaço e inchaço dos gânglios linfáticos.
Rara nas Américas e Europa, a doença, da qual a maioria se recupera em semanas e só é fatal em casos raros. A enfermidade infectou nos últimos anos milhares em algumas regiões da África Central e Ocidental.
No primeiro caso do Reino Unido, o infectado tinha voltado da Nigéria. Autoridades de saúde locais não descartam, porém, a transmissão comunitária do vírus.
Contágio por contato prolongado
A varíola dos macacos não é de fácil transmissão. O vírus é transmitido por meio de contato direito com animais ou humanos infectados ou com roupas e objetos de infectados, por meio da mordida de animais que carregam o vírus ou consumo destes e por gotículas respiratórias, porém, neste caso é necessário um contato pessoal prolongando.
Homens que tiveram relações sexuais com parceiros do mesmo sexo são maioria entre os infectados recentemente. Especialistas britânicos, porém, afirmam que ainda não há evidências suficientes para provar que a varíola dos macacos também é transmitida sexualmente.
A varíola de macaco foi registrada em humanos pela primeira vez em 1970 na República Democrática do Congo. Casos isolados surgiram em outros países africanos. Em 2003, uma infecção por esse vírus foi identificada nos Estados Unidos, e, em 2018, outras duas no Reino Unido e Israel. Desde então, nenhum caso havia sido registrado fora do continente africano.
A OMS considera o risco endêmico da varíola dos macacos como extremamente baixo. A doença é uma zoonose, que passa de animais para humanos.
O patógeno que causa a doença circula entre roedores. Os macacos são considerados hospedeiros de transporte – ou seja, carregam o vírus sem que esse se desenvolva em seus corpos.