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Esporte Brasileiro que comprou clube de futebol inglês desaparece deixando sem pagar até a conta no bar

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Greve informal no time da 4ª divisão inglesa é culpa de um brasileiro (Foto: Reprodução)

Jim Bentley chegou para trabalhar como de costume. Abriu o vestiário e esperou os jogadores para o treino. O massagista não apareceu, assim como o médico, roupeiro e a senhora que serve o chá. O treinador do Morecambe FC foi exceção. A greve informal no time da quarta divisão inglesa é culpa de um brasileiro.

Bentley, atletas e empregados estão com os salários atrasados. A equipe mergulhou na crise financeira e fornecedores também estão sem receber. A pergunta que o técnico mais escuta é a mesma que está nas conversas de todos os torcedores: Onde está Diego Lemos?

Ele foi o primeiro brasileiro a comprar um clube britânico de futebol profissional. Em setembro do ano passado, a G50 Holding Limited, empresa em que aparece como acionista majoritário, aceitou pagar 2.220.575,00 libras esterlinas (R$ 8,9 milhões em valores atuais) por 80% das ações.

“Os problemas existem, mas temos de continuar seguindo em frente. Não tenho muito para dizer no momento, a não ser acreditar que tudo vai se resolver logo”, disse Bentley.

Lemos morou na região nordeste da Inglaterra por algumas semanas em 2016, fez promessas de administração responsável. Deu entrevista para a BBC, tirou fotos com torcedores no estádio Globe Arena. Jurou até manter e apoiar Jim Bentley com reforços.

“Não é possível falar sobre todos os detalhes, mas o que aconteceu é surpreendente. Em me arrependo profundamente de ter feito essa negociação”, disse a reportagem o ex-dono, Peter McGuigan. Foi ele o responsável por fechar o negócio com Lemos.

O brasileiro sumiu e não aparece em Morecambe desde o final de novembro. A partir dessa época, o pouco dinheiro injetado veio de Ali Abdurlrahman Al Hashemi, que era um dos dirigentes até a chegada de Lemos. Por causa das dívidas, a equipe sofreu sanções da Federação Inglesa e está impedida de contratar jogadores, a não ser por empréstimo.

“Do valor negociado para a compra do clube, recebi apenas uma pequena parte. Estamos em situação difícil e temos contado com o apoio dos credores para que aguardem o equilíbrio das nossas contas”, completa McGuigan.

O Morecambe é o 17º colocado do torneio que tem 24 times. Está a oito pontos da zona de rebaixamento e a nove dos playoffs para disputar uma vaga ao acesso.

Mas afinal, quem é Diego Lemos?

Diego Lemos é agente de futebol e não tem residência no Reino Unido. Ele mora em Doha, capital da Catar, desde 2008. Sua transação mais conhecida com jogadores brasileiros foi levar Jobson, ex-Botafogo, para a Arábia Saudita. Segundo os dirigentes do Morecambe, ele nunca explicou com detalhes a origem do dinheiro, mas deixou subentendido haver investimento árabe na negociação.

Apesar das dúvidas em relação ao investimento, a Federação Inglesa aprovou a venda da agremiação para a G50 Holding.

O empresário é filho de Luisinho Lemos, atacante que fez história no América-RJ e também atuou pelo Flamengo na década de 1970. É sobrinho de César Maluco, ídolo do Palmeiras no elenco conhecido como “Academia” e de Caio Cambalhota, campeão carioca por Botafogo e Flamengo.

Segundo levantamento da reportagem, Diego Lemos tem participação em duas empresas no Reino Unido, a G50 Holding e a Sport99 Limited. Esta última tinha como diretor Jordan Saul Burnard, inglês de ascendência árabe. As duas estão registradas no mesmo endereço de todas as companhias de Graham Burnard, contador inglês com histórico de investimento em marcas esportivas.

É esta teia que os torcedores e funcionários do Morecambe tentam desenrolar para descobrir o que aconteceu. Não conseguem nem saber se Lemos abriu mão de suas ações da G50 e, dessa forma, não seria mais de fato o dono da equipe. Na última terça-feira, a Justiça britânica recebeu pedido de congelamento dos bens da empresa e que nada seja vendido até as dívidas serem quitadas.

“Não temos a menor ideia (de onde Lemos está). Não conseguimos falar com ele. Não sabemos qual a realidade”, afirma McGuigan.

A última vez que a torcida ouviu qualquer declaração vinda do brasileiro foi pelo site do clube. Ele pediu desculpas pelos atrasos de salários e reclamou de “problemas inesperados de caixa”.

“Asseguro a todos que tudo será resolvido logo e quero agradecer aos jogadores e comissão técnica pela compreensão. Gostaria de deixar claro que é um problema de curto prazo e temos planos robustos para o futuro do nosso grande clube”, diz o comunicado.

Dívida até no bar

A reportagem tentou entrar em contato com Diego Lemos, mas ele não atendeu aos telefonemas e não respondeu às mensagens de texto e voz deixadas em seu telefone celular.

Em declarações por escrito ao site “The Bay” na semana passada, Lemos lamentou a situação, falou que tem ofertas para vender o Morecambe e pretende aparecer na cidade em breve.

A afirmação divertiu os torcedores que participam do ShrimpVoices, fórum de discussão do time na internet. Shrimp é “camarão” em inglês, o apelido do time. “Então podemos acreditar que ele vai pagar aquela conta no bar que ficou pendente…”, observou um dos participantes.

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