Quarta-feira, 21 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 5 de março de 2022
Mais de cem brasileiros já enviaram mensagens em que se voluntariam para lutar contra os russos na Ucrânia. A informação é do encarregado de negócios da Embaixada da Ucrânia em Brasília, Anatoliy Tkach. Ele não soube dizer exatamente quantos pedidos a embaixada recebeu.
Tkach falou durante uma coletiva de imprensa em Brasília (DF). Segundo o encarregado, os interessados precisariam ir para a Ucrânia por meios próprios. Além disso, existem requisitos mínimos para que eles sejam admitidos.
Os voluntários aceitos lutarão na Legião Estrangeira de Defesa Territorial da Ucrânia. Segundo Tkach, só serão aceitos “os que tiverem experiência” e que falem pelo menos inglês. Sobre a idade mínima, o encarregado não foi preciso, mas afirmou que uma pessoa com 18 anos “não teria a experiência necessária”.
Mais tarde, a Embaixada da Ucrânia no Brasil divulgou uma nota. No texto, o órgão afirma que, por conta da guerra, “passou a receber um grande número de mensagens de cidadãos do Brasil e de outros países sobre a possibilidade de ingressar na Legião Estrangeira da Ucrânia”.
A nota destaca, no entanto, que a embaixada não está fazendo alistamento de voluntários e “não está fazendo campanha para adesão” à Legião Estrangeira.
Sem medo
A invasão da Rússia à Ucrânia tem atraído atenção de brasileiros que dizem querer participar do conflito lutando ao lado das forças de segurança ucranianas. Na internet, eles buscam informações em grupos no Facebook e recebem orientações sobre como se alistar usando grupos de WhatsApp e Telegram.
A BBC News Brasil localizou pelo menos um brasileiro que diz atuar no combate aos russos e que afirma ter sido acionado por outros brasileiros querendo participar dos embates.
Apesar de todos os riscos, grupos no Facebook e no Telegram acompanhados pela BBC News Brasil nas últimas duas semanas mostram que a procura de brasileiros por informações sobre como participar do conflito existia dias antes da invasão russa.
A procura se intensificou após os primeiros ataques e depois que o presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, anunciou a criação da Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia, uma unidade militar formada por estrangeiros que queiram combater os russos no país.
A maioria dos que buscam informações sobre como lutar contra os russos é composta por homens aparentemente jovens e de Estados distintos como Maranhão, São Paulo e Paraná.
É no Paraná que se concentra a maior parte dos descendentes de ucranianos no Brasil, uma comunidade estimada em aproximadamente 500 mil pessoas.
Nesses grupos, os brasileiros são informados de que, atualmente, a única forma de chegar à Ucrânia é por via terrestre, partindo de alguns dos países que fazem fronteira com o país, no Leste Europeu.
Para quem está no Brasil, participar dessa luta implicaria viajar à Europa, um trajeto que pode custar, apenas com bilhetes de avião, mais de R$ 7 mil.
Eles também ficam sabendo da extensa lista de documentos e certificados como comprovantes de idoneidade que eram exigidos pelo Exército ucraniano para que estrangeiros fossem aceitos.
Foi em um grupo de brasileiros na Ucrânia no Facebook que um homem de 29 anos de idade do interior do Maranhão passou a procurar formas sobre como participar da luta contra os russos.
Bruno (nome fictício usado a pedido dele) diz que acompanha a situação da Ucrânia com atenção há alguns meses.
Nas últimas semanas, começou a buscar informações sobre como poderia se alistar.
Ele diz acreditar que seu treinamento com armas pode ser útil na Ucrânia, embora reconheça que a situação no país europeu requer mais condicionamento.
Segundo ele, os principais motivos que o levam a querer ir para a Ucrânia são a paixão que ele tem por assuntos militares e o que ele classificou como “sede de aventura”.
“Eu sempre gostei do meio militar. No Brasil, infelizmente, eu não consegui servir ao Exército, mas agora, pretendo me alistar no exército da Ucrânia. É uma sede de aventura. Quero viver esse momento ao lado dos ucranianos”, disse.