Domingo, 28 de dezembro de 2025
Por Gisele Flores | 28 de dezembro de 2025
Cão K9 Mohoc e seu operador, o servidor penitenciário Hugo Gomes, conquistaram o inédito primeiro lugar geral em competição - Foto: Ascom Polícia Penal
Foto: Arthur Plácido/Ascom SSPS
O sistema prisional do Rio Grande do Sul vive uma transformação silenciosa, mas de grande impacto. A presença dos chamados K9, cães de trabalho da Polícia Penal, tem se consolidado como uma estratégia fundamental para o reforço da segurança nas unidades. Em 2025, os animais participaram de 93 operações, atuando em ações preventivas e repressivas, reduzindo riscos aos servidores e contribuindo para a manutenção da ordem.
Presença ostensiva e impacto psicológico
A atuação do Grupo de Operações com Cães (GOC) vai além do apoio operacional. A presença dos animais tem efeito psicológico imediato, funcionando como fator inibidor de tumultos e situações de risco. Treinados para contenção de internos e identificação de ilícitos, os cães ampliam a capacidade de resposta da Polícia Penal. “A presença do cão aumenta significativamente a segurança dos servidores, em especial dos grupos de intervenção rápida. Além disso, inibe a intenção de tumultos e reduz a necessidade de instrumentos de menor potencial ofensivo”, afirma o coordenador do GOC, Anderson Cardoso.
Estrutura e investimentos
Atualmente, o sistema conta com 18 cães de trabalho e 10 policiais cinotécnicos, distribuídos em sete canis regionais e setoriais, incluindo unidades em Charqueadas, Osório e Erechim. Em 2024, o governo estadual investiu R$ 37,5 mil em equipamentos como macacões de proteção, mordedores e guias de nylon, além de R$ 55 mil em kits auxiliares de detecção importados, considerados entre os mais avançados da área.
Esses recursos qualificam o trabalho dos cães, que são treinados para detectar drogas, armas, celulares e outros materiais ilícitos. A modernização das estruturas físicas dos canis acompanha o crescimento da demanda por operações seguras e eficazes.
Formação e capacitação
Outro avanço foi a criação do Curso de Formação em Cinotecnia e Emprego Prisional (CFCEP), promovido pelo GOC em parceria com a Escola do Serviço Penitenciário. Desde 2022, 50 servidores já concluíram a capacitação, que aborda temas como fisiologia, adestramento, atendimento pré-hospitalar canino e técnicas de intervenção prisional.
Essa formação inédita no Estado garante que os cinotécnicos estejam preparados para o uso estratégico dos cães, fortalecendo a segurança e a ressocialização nas unidades.
Reconhecimento internacional
O trabalho gaúcho também ganhou projeção internacional. Em novembro de 2025, o cão K9 Mohoc, da raça pastor holandês, e seu operador Hugo Gomes conquistaram o primeiro lugar geral no 8º Campeonato Sul-Americano de Cães de Trabalho, realizado em Goiânia. A vitória inédita colocou o Rio Grande do Sul no mapa da excelência em operações com cães, reforçando a qualidade do treinamento e da atuação da Polícia Penal.
Integração com políticas públicas
A atuação dos K9 se soma a outras iniciativas de ressocialização, como o projeto Mãos que Reconstroem, que fomenta o trabalho prisional para mais de 15 mil apenados. Essa integração mostra que o sistema busca equilibrar disciplina, segurança e oportunidades de reinserção social.
Um recurso estratégico
O uso de cães de trabalho no sistema prisional gaúcho representa uma inovação que alia tecnologia, capacitação e impacto social. Mais do que reforçar a segurança, os K9 simbolizam uma mudança cultural: a valorização de recursos que reduzem riscos, ampliam a eficiência e projetam o Estado em nível internacional. (por Gisele Flores – pet@pampa.com.br